CPI dos Correios fecha acordo para limitar investigação

A pouco menos de dois meses do fim da CPI dos Correios, o governo e a oposição fecharam um acordo para não ampliar o leque de investigações da Comissão: vão evitar uma nova convocação do publicitário Duda Mendonça e o depoimento do ex-diretor de Furnas Dimas Toledo, apontado como um dos cabeças de um suposto esquema de arrecadação de recursos de campanha em favor de candidatos do PSDB, nas eleições de 2002. No mesmo pacote de trocar um depoimento pelo outro, a cúpula da Comissão também negocia com a base aliada e a oposição a derrubada do requerimento que prevê a convocação do banqueiro Edemar Cid Ferreira, do Banco Santos. O banqueiro é amigo do senador José Sarney (PMDB-AP) e muito ligado aos petistas.

Segundo o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), os requerimentos com as convocações de Duda e Dimas deverão ser votados na semana que vem. Ele explicou que a idéia é aprovar as convocações depois do retorno do relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), e dos relatores adjuntos Eduardo Paes (PSDB-RJ) e Maurício Rands (PT-PE), que foram aos Estados Unidos tentar obter autorização para acessar os documentos com a quebra dos sigilos bancário e fiscal de contas no exterior do publicitário Duda Mendonça. "Achamos mais conveniente que se faça a votação desses requerimentos depois de termos acesso às contas do Duda no exterior", afirmou Delcídio Amaral.

Mas nos bastidores da CPI dos Correios um novo depoimento de Duda Mendonça e a convocação de Dimas Toledo estão praticamente descartados. "O Duda só virá se surgirem informações novas", disse o senador Siba Machado (PT-AC). "Temos de ver o que a CPI vai trazer de informações dos Estados Unidos" observou a senadora Ideli Salvatti (PT-SC). Nem o governo, nem o PT, nem a oposição estão interessados em um novo depoimento de Duda Mendonça na CPI dos Correios. O publicitário já avisou estar abalado emocionalmente e disposto a contar tudo o que sabe Duda fez campanhas para petistas, tucanos e políticos de vários outros partidos.

Já a oposição não quer ver Dimas Toledo sentado no banco da CPI dos Correios com uma suposta lista elaborada por ele em que aparecem os nomes dos políticos que seriam beneficiados por recursos de Furnas. "Não tenho dúvidas que essa lista é uma tentativa de intimidar a oposição. É uma lista claramente montada para intimidar a oposição", afirmou hoje o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA). "De repente não acrescenta nada a vida do Dimas Toledo aqui e só serve para se fazer um espetáculo", disse a petista Ideli Salvatti.

Mas o PT não abre mão de ouvir o depoimento do lobista mineiro Nilton Monteiro, que teria entregue à Polícia Federal a lista com os nomes dos políticos que receberam dinheiro de caixa 2 nas eleições de 2002. Nilton Monteiro, que teve sua convocação aprovada pela CPI dos Correios em agosto do ano passado, também foi o responsável pela denúncia de caixa dois na campanha ao governo de Minas Gerais, em 1998, do hoje senador Eduardo Azeredo (PSDB).

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