Copel libera usina de Araucária para sistema elétrico nacional

A Copel deu por encerrados os trabalhos de recomissionamento e os ensaios da Usina Termelétrica de Araucária, central geradora a gás natural localizada a 20 km de Curitiba, com 484 megawatts de potência instalada. À zero hora do sábado (9), a usina foi colocada à disposição do Operador Nacional do Sistema (ONS) para ser despachada emergencialmente, atendendo a um pedido feito em fins de junho pelo organismo.

Os serviços programados pela estatal para corrigir, adequar e reparar falhas operacionais e técnicas detectadas na termelétrica vão aguardar pela normalização dos reservatórios, prejudicados pela longa estiagem na Região Sul, para serem realizados. ?Por causa das condições adversas de clima, esses trabalhos terão que esperar pela volta das chuvas?, afirma o presidente da Copel, Rubens Ghilardi.

?Os problemas de aversão às variações de freqüência admitidas pelo sistema elétrico interligado e de adequação das turbinas às características do gás disponível serão monitorados e controlados pelo ONS, Petrobras e Siemens enquanto perdurar a emergência?, detalhou o presidente. ?Como o gás natural que vem sendo fornecido está de acordo com todas as especificações exigidas pelo fabricante das turbinas, não está sendo preciso operar a estação de tratamento do gás, que possui pendências técnicas importantes e oferece riscos ao funcionamento da termelétrica?.

Estiagem

O ONS solicitou à Copel urgência nos procedimentos necessários à produção de energia na termelétrica, de forma a ajudar a reduzir os riscos de desabastecimento decorrentes da estiagem. Desde dezembro do ano passado, a quantidade de chuvas nos estados do Sul tem ficado significativamente abaixo dos volumes médios históricos, o que resultou no progressivo declínio dos níveis de armazenamento de água nos reservatórios das hidrelétricas. À custa da intensificação do recebimento de eletricidade produzida nas usinas do Sudeste e Centro-Oeste mais o aumento da geração de origem térmica, o ONS tem conseguido preservar níveis médios de preenchimento nas hidrelétricas do Sul de 30 a 40% da capacidade de armazenagem.

?A grande preocupação ainda é com a situação das usinas situadas no rio Iguaçu, onde o volume médio de preenchimento ainda está abaixo dos 30%?, informa Raul Munhoz Neto, diretor de geração e transmissão de energia da Copel. ?O peso das cinco hidrelétricas na capacidade de produção do sistema elétrico da Região Sul é bastante considerável, já que a soma da potência delas equivale a metade da usina de Itaipu?.

O diretor da Copel disse que é nesse contexto que a liberação em caráter de emergência da Usina de Araucária para produzir eletricidade para o sistema ganha relevância ainda maior. ?Com a escassez de água nas usinas do Iguaçu, a energia de Araucária permitirá ao ONS manter o equilíbrio operacional do sistema elétrico da Região Sul, preservar os volumes contidos nos reservatórios e assegurar cobertura no atendimento à demanda do mercado consumidor?.

Desajustes

A Usina de Araucária foi dada por inaugurada em setembro de 2002, porém jamais entrou em operação por uma série de desajustes e problemas que impediam seu funcionamento de forma contínua, automática, confiável e segura. Uma discussão judicial entre a Copel e a antiga acionista majoritária do empreendimento, a norte-americana El Paso, manteve a termelétrica inativa por mais de três anos. No dia 30 de maio, a Copel adquiriu a parte da El Paso na usina, concentrando 80% das ações.

Os planos originais da Copel eram de reparar e promover todos os ajustes necessários para o funcionamento adequado da termelétrica e ainda flexibilizar seus equipamentos para permitir o uso de outros combustíveis além do gás natural ? como o óleo diesel e o novo HBio ? até o final de 2007, investindo nisso pouco mais de R$ 40 milhões. Mas com o cenário desfavorável desencadeado pela estiagem que já se prolonga por dez meses, a imediata entrada em funcionamento da usina, ainda que em caráter emergencial, passou a ser essencial e estratégica para assegurar estabilidade à operação do sistema elétrico nacional.

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