Confederação prevê aumento nos preços dos alimentos

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) concorda com a avaliação feita pelo candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, no debate de ontem na TV Record: os preços dos alimentos vão subir. Para o superintendente técnico da CNA, Ricardo Cotta, o pior acontecimento para o setor será o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumprir a promessa, feita durante o debate, de incentivar as importações de produtos para evitar os aumentos dos preços ao consumidor. "A importação só vai piorar a situação", disse Cotta, que diz que a elevação será mais significativa nos derivados do trigo, como o pãozinho, o macarrão e as massas, além do arroz e da carne bovina.

Os levantamentos feitos pela CNA, de acordo com o superintendente, mostram uma tendência de elevação continuada dos preços. "Em junho passado, os preços agrícolas atingiram o menor nível dos últimos 50 anos. Agora, os dados mostram uma reversão acentuada dessa trajetória. A elevação dos preços está sendo puxada basicamente pelo arroz, pelo trigo e pela carne bovina", explicou.

O aumento de preços nesta época do ano é normal, advertiu Cotta, porque o Brasil está na entressafra. Mas ele garantiu que o movimento de elevação este ano está mais forte do que na mesma época de anos anteriores. Um conjunto de fatores contribuiu, segundo Cotta, para a situação nos últimos anos. Além da questão do câmbio valorizado, os produtores enfrentaram também problemas sanitários e uma crise de rentabilidade que desestimulou novos investimentos, avalia a CNA.

Por uma série de razões, segundo Cotta, o arroz no Brasil está com um custo de produção mais elevado do que nos países vizinhos. Cotta disse que a mesma coisa está acontecendo com o trigo. Ele estima que na próxima safra, o Brasil terá que importar 70% do trigo que consome. Hoje, importa cerca de 50%. "O Brasil terá que comprar o trigo transgênico, que não pode ser produzido aqui, dos Estados Unidos ou do Canadá", observou. Ele disse que a última estimativa para a safra 2006/2007 mostra uma redução de 2% a 3% na produção de grãos em relação à safra 2005/2006.

Voltar ao topo