Computadores populares já estão à venda

O projeto de lei que cria o programa PC Conectado ainda não foi mandado para o
Congresso pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e a empresa de programas de
computador Insigne, de Campinas (SP), já vê resultados da discussão que o
governo federal vem fazendo em torno do incentivo à produção e ao financiamento
de computadores pessoais (PCs, de "personal computer", no inglês), dentro dos
planos de promover a inclusão digital no país.

Em 2004, a Insigne soube
dos planos do governo federal de incentivar a produção e a aquisição de
computadores pessoais baratos, ou "populares". A partir daí, por conta própria,
a empresa adaptou um pacote de 26 programas livres para ser usado nesses
computadores. Os programas incluem editores de texto, gráficos e som, além de
programas para navegar na internet, enviar e receber mensagens eletrônicas e
utilizar CDs e DVDs, entre outros.

A Insigne atua no desenvolvimento de
software livre. É dessa forma que são chamados os programas de computador cuja
reprodução é gratuita e livre ? ou seja, copiar o programa não é considerado
pirataria. É algo semelhante ao que acontece com os remédios genéricos, em
oposição aos "de marca". Em vez de vender "licenças" de uso de seus programas,
as empresas de software livre ganham dinheiro com serviços de suporte, ou seja,
elas dão manutenção para a instalação dos programas e no caso de eventuais
problemas técnicos.

Hoje, vários fabricantes de PCs populares usam esse
conjunto de programas criado pela Insigne em computadores vendidos a preços
baixos em grandes cadeias de lojas de eletrodomésticos, como Magazine Luiza e
Ponto Frio, e hipermercados, como o Extra. A Insigne recebe R$ 30 por cada
computador vendido para prestar assistência aos usuários no primeiro ano de uso
do aparelho. Segundo a empresa, já foram comercializados, nos primeiros meses
deste ano, cerca de 20 mil desses PCs populares.

Os programas livres
também têm "código aberto", ao contrário dos "programas proprietários" (aqueles
cuja reprodução sem pagamento de licença é considerada pirataria). Quando o
código é aberto, qualquer técnico pode modificar o programa segundo suas
próprias necessidades. Se o código é fechado, somente os técnicos que inventaram
o programa podem acessá-lo. O sistema aberto mais conhecido hoje é o Linux, que
é constantemente aperfeiçoado por cerca de 150 mil programadores em todo o
mundo.

"Nosso papel é mostrar que é possível promover inovação a baixo
custo no país. O software livre permite apropriação local da tecnologia,
possibilita a democratização do conhecimento e da renda que ele gera. Muitos
ganham, não só um", explica Sérgio Amadeu, presidente do Instituto Nacional de
Tecnologia da Informação, órgão vinculado à Casa Civil da Presidência da
República.

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