Comércio tem o maior índice de novas empresas e as maiores taxas de falência

Rio ? O comércio é o setor com o maior índice de novas empresas no país e com as maiores taxas de falência. De acordo com o Cadastro Central de Empresas 2003, divulgado hoje (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), das 100 mil empresas que surgiram por ano entre 1996 e 2003, 50,32% (50.316) eram comerciais. Mas dessas, quase a metade, 47,67% (27.647), fecharam.

Já a indústria apresentou as menores taxas de surgimento de novas empresas (13,07%) e também de extinção (15,88%). Nos serviços surgiram 23,56% do total de empresas abertas e 24,09% do total das que fecharam. No país, das 100 mil empresas abertas por ano, 58 mil são fechadas depois de dois anos.

A publicação mostra que a taxa de abertura das empresas com até 99 empregados é maior do que o índice das empresas que fecham. Já nas empresas com 100 ou mais trabalhadores ocorrem mais fechamentos.

A empresária Yara Domingues, da zona norte do Rio de Janeiro, só conseguiu manter um bazar aberto por dois anos. O estabelecimento funcionava com cinco empregados com carteira assinada, mas, segundo ela, o lucro era pouco diante dos impostos. "No segundo ano de funcionamento, as vendas caíram bastante até o ponto de não compensar mais. Depois de pagar o salário dos funcionários, o dinheiro que sobrava mal dava para repor o estoque da loja. Então o jeito foi fechar", contou ela.

Para o gerente de capacitação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) do Rio, Francisco Marins, a taxa de mortalidade das empresas no país é alta porque os empreendedores abrem os negócios por necessidade e não por oportunidades no mercado.

Ele explicou que a maioria das empresas, principalmente as do comércio, é aberta por pessoas que não sabem administrar o negócio e que depois de dois anos descobrem uma série de problemas e fecham seus negócios. "Geralmente os novos empresários são pessoas que foram demitidas de seus empregos e que decidiram usar a indenização no seu próprio negócio. Só que elas não se capacitam e, com isso, não têm o mínimo de estrutura necessária para o sucesso do empreendimento", afirmou.

Ainda de acordo com Marins, o comércio é o setor mais procurado porque não requer investimentos altos; já a indústria exige mais recursos porque os investimentos em alta tecnologia são mais caros. "Além disso, o retorno financeiro na atividade comercial é mais rápido e supera as necessidades momentâneas do empresário."

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