Começam buscas a restos mortais de guerrilheiros do Araguaia

Começa uma nova fase da luta dos familiares na busca de resgatar os restos mortais dos parentes desaparecidos durante a guerrilha do Araguaia, um conflito armado no coração do Brasil, no período da ditadura militar, que teve seu mais dramático momento entre 1972 e 1974 com o assassinato, por forças federais, de quem ousava desafiar o regime da época. Trata-se de um dia que poderá ficar na história brasileira, pois pouco se sabe sobre o movimento ou o que aconteceu no início dos anos 70 do “Pra Frente Brasil” ou “Brasil, Ame-o ou Deixe-o”.

Na manhã de hoje começaram as demarcações do local onde existia uma base militar do Exército e da Aeronáutica, às margens do rio Araguaia. Lá estariam as ossadas de Walquíria Afonso da Costa e Osvaldo Orlando da Costa, o Osvaldão, um dos líderes da guerrilha do Araguaia.

Tudo sempre foi mantido em muito segredo e até agora poucas são as informações. Talvez seja esta a última mancha dos chamados ?anos de chumbo? no Brasil, que começa a ser removida de forma conciliadora e humana, ao menos para os sobreviventes que ficaram os últimos 30 anos, procurando alguma coisa, nem que fosse um esqueleto, para reverenciar quem lutou por uma causa, por um idealismo.

Os trabalhos, que começaram pela manhã, com a participação de geólogos, médicos legistas, parentes, e até três antropólogas forenses, vindas da Argentina especialmente, além do ex-soldado do Exército Raimundo Pereira, que agora é uma das testemunhas das atrocidades, vão ser acompanhados pelo ministro Nilmário Miranda, da Secretaria Especial de Direitos Humanos.

Na memória de muitos ainda existe o refrão: ?Todos juntos… pra frente Brasil, do meu coração, salve a Seleção?. Era a euforia da conquista do Tri-Campeonato de Futebol, no México, durante o governo do general Emílio Médici. Enquanto nas ruas muitos brasileiros se ufanavam do País nos campos de futebol, nos quartéis e delegacias de polícia alguns idealistas, em muito menor número, eram torturados e mortos, ?nos porões da ditadura?, como se comentava na época.

Agora, passados 30 anos, a história começa a ser removida sem traumas. Mas apesar das três décadas de esquecimento, a grande maioria dos parentes das vítimas das chacinas nunca desistiu do direito de resgatar os restos mortais de seus filhos, filhas, irmãos, irmãs e maridos.

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