Com mínimo de R$ 350 só em maio não sai acordo, diz CUT

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Felício, afirmou há pouco que não haverá acordo com o governo se houver insistência na proposta de aumentar o mínimo para R$ 350 somente em maio e reajuste na tabela do Imposto de Renda em 7%. "Se o governo disser que não dá para mudar, então hoje não haverá acordo", afirmou ele, ao chegar ao Ministério do Trabalho para mais uma rodada de negociações com os ministros do Trabalho Luiz Marinho, e da Fazenda, Antonio Palocci.

Felício afirmou que, para haver acordo, é preciso que haja uma "inflexão" na proposta do governo. Ou seja, o governo precisa ceder em pelo menos um dos pontos. Ele explicou que a CUT fecharia acordo, por exemplo, se o governo aumentasse o mínimo para R$ 360 a partir de maio, mas também haveria disposição de negociar, se o governo aumentasse o piso salarial para R$ 350 a partir de março. "Há disposição de negociar, mas é preciso uma inflexão do governo. Há possibilidade de avançar. A palavra está com o governo", disse. O presidente da CUT ressaltou que seria melhor para o governo fechar um acordo agora com os sindicalistas do que ter que enfrentar a disputa política no Congresso. "Isso seria nitroglicerina pura", argumentou.

Questionado sobre o impacto que o reajuste do salário mínimo causaria nas contas públicas, Felício afirmou que essa é uma questão que cabe ao governo resolver, fazendo uma opção política. "Os juros altos provocam um impacto muito maior nas contas públicas", disse Felício, acrescentando que há camadas privilegiadas na sociedade brasileira do ponto de vista tributário. "Os banqueiros não pagam imposto neste país", disse o sindicalista. Ele lembrou que já apresentou uma proposta para que fosse criada uma tributação única de 1,5% para as famílias com patrimônio superior a R$ 2,4 milhões. Segundo ele, essa tributação, que seria feira uma só vez, formaria um fundo de R$ 23,8 bilhões. "Isso daria para dar aumento real de 9% para o mínimo durante sete anos. É absurdo isso? Não é."

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