CNTE pede que investimentos em educação passem para 10% do PIB

Representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) protocolaram nesta sexta-feira na Casa Civil um documento com reivindicações por melhorias no setor. A principal delas diz respeito ao volume de investimentos em educação. A Confederação defende um aumento de recursos dos atuais 4,6% para 10% do Produto Interno Bruto. De acordo com a entidade, esse acréscimo seria possível com parte da verba utilizada para pagamento da dívida externa.

"O valor da dívida externa brasileira é R$ 545 milhões. Cerca de R$ 180 bilhões seriam suficiente para a oferecermos uma educação pública, básica e superior, universal e de qualidade", calcula a presidente da CNTE, Juçara Dutra, integrante da comissão que esteve na Casa Civil e foi recebida pela assessoria do ministro José Dirceu. "A assessoria disse que o governo é simpático à idéia, já absorvida pelo ministro Tarso Genro. Mas que esse não é um quadro fácil, é complexo."

Antes da entrega do documento na Casa Civil, a CNTE organizou uma manifestação na Praça dos Três Poderes, em frente ao Palácio do Planalto. O ato acabou sendo prejudicado pela chuva, mas chegou a reunir 300 pessoas, pelos cálculos da Polícia Militar. A maior parte dos manifestantes veio de outros estados como o encontro nacional da CNTE. Entre eles, a professora de educação artística Ivani Frietrich, de Santa Cruz do Sul (RS). "Gostei muito de participar", contou Ivani. "Nesses momentos a gente aprende muita coisa, principalmente a lutar pelo que a gente precisa."

A presidente da CNTE, Juçara Dutra, ditou as palavras de ordem na manifestação do alto de um carro de som. Ela aproveitou para convidar os profissionais de educação para um próximo ato, em abril. "Essa mobilização que começa hoje terá ponto alto em abril, com uma marcha a Brasília. Será o momento em que teremos condição de dizer se o governo assumiu ou não a campanha pela reversão da dívida externa", avalia a presidente da CNTE, que nos próximos dias pretende unir forças a outras organizações da sociedade civil.

"Os brasileiros têm fome de educação. Não podemos tratar do financiamento da educação sem atacar o problema central que é a sangria representada pela dívida externa. Portando, uma atitude corajosa, comprometida com a sociedade seria essa de o governo e sociedade assumirem a campanha."

Na quinta-feira, durante a sanção presidencial do ProUni, o ministro da Educação, Tarso Genro, revelou que Brasil, Argentina e Espanha formaram um comitê de para elaborar uma operação semelhante à reivindicada pela CNTE. Os resultados serão apresentados numa conferência internacional em 2006, na Espanha. "Não se trata de calote da dívida, mas projetos negociados. O governo espanhol, por exemplo, já se dispôs a pegar uma parte do serviço da dívida argentina e transformar em investimento a fundo perdido em educação", explica o ministro.

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