CNI critica negociadores brasileiros

Brasília – A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reagiu hoje (2) ao acordo assinado ontem entre Brasil e Argentina, criando o Mecanismo de Adaptação Competitiva (MAC)."O mecanismo contraria o espírito da integração do Mercosul e gera um clima de retrocesso no desenvolvimento do bloco", afirmou o presidente da entidade, Armando Monteiro Neto.

Em nota, a entidade critica a atitude dos negociadores do governo brasileiro, que, segundo a CNI, deixaram de atender a várias recomendações do setor produtivo. A nota afirma que os empresários eram contrários à adoção de qualquer mecanismo de controle de comércio, mas apresentaram ao governo uma série de requisitos considerados fundamentais caso a adoção do MAC fosse inevitável.

O setor empresarial defendia, por exemplo, que a adoção das salvaguardas fosse transitória. Queria, também, o compromisso dos argentinos de que não seriam aplicadas medidas antidumping e outras restrições unilaterais às importações, simultaneamente à aplicação do MAC.

"Outra questão que preocupa é o desvio de comércio, que é uma coisa a que nós precisamos estar atentos", disse o presidente da CNI. O empresariado teme que se repita o que ocorreu durante a "guerra das geladeiras", quando a indústria brasileira concordou em limitar suas exportações ao país vizinho como forma de ajudar a indústria argentina a ampliar suas vendas no próprio mercado. No entanto, em vez disso, a redução das vendas das geladeiras brasileiras abriu espaço para as concorrentes do Chile e do México e não ajudou as fábricas locais.

Os empresários querem garantias de que o MAC não seja, a exemplo do que ocorreu no caso das geladeiras, uma forma de reduzir o mercado do produto brasileiro sem que a Argentina se beneficie disso. Por isso, insistem que as restrições ao comércio sejam combinadas com programas de desenvolvimento da indústria do país vizinho.

Na nota, a CNI informa que ainda fará uma avaliação mais aprofundada do acordo que instituiu o MAC. "Contudo, a entidade respalda desde já é que o Mercosul é um ativo a ser preservado, não somente pelo seu caráter estratégico, mas, sobretudo, pelo seu componente econômico", afirma a nota.

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