CNBB alerta católicos: o filme “O Código da Vinci” é ficção

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Geraldo Majella Agnelo, aconselhou hoje os cristãos a encararem como obra de ficção – e não como denúncia para ser levada a sério – o filme "O Código Da Vinci", baseado no livro homônimo do escritor Dan Brown. Segundo o cardeal, o filme apresenta "uma imagem distorcida de Jesus Cristo, que está em contraste com as pesquisas e afirmações de estudiosos de diversas áreas das ciências humanas, da teologia e dos estudos bíblicos".

O livro foi traduzido para 44 idiomas e vendeu mais de 40 milhões de exemplares. Mas o filme sequer chegou aos cinemas. Será apresentado no Festival de Cannes no dia 17 de maio, com lançamento mundial previsto para 19 de maio.

"Vamos acreditar nos Evangelhos ou nesses escritos e interpretações dos últimos tempos?", indagou, admitindo que uma obra cinematográfica tem um impacto maior que uma literária. "Certamente aquilo que está no vídeo entra mais profundamente, causa uma impressão bem maior; o livro, não são todos que têm contato", disse.

Segundo d.Geraldo, muitas vezes são produzidas obras apenas com o intuito de ganhar dinheiro "contendo afirmações levianas e até com um engodo muito bem feito, levando a dúvida e a perplexidade às pessoas". "Não temos o desejo de proibir a ninguém de ver o filme, mas alertamos as pessoas a se informarem bem para não sair de lá dizendo: puxa agora virou tudo", disse. Entre as provocações da obra de Brown está a versão de que Jesus casou-se com Maria Madalena e que a Igreja procurou esconder a verdade sobre sua vida.

O cardeal-arcebispo de Salvador e primaz do Brasil assinou uma nota da CNBB orientando os católicos. "Não devemos esquecer que a obra em questão é de ficção e não retrata a história de Jesus, nem da Igreja", diz. "O que é fantasia deve ser entendido como fantasia. As únicas fontes dignas de fé sobre a vida de Jesus e o início da Igreja estão no Novo Testamento."

Segundo ele, nas datas consideradas sagradas pela Igreja como Natal e Páscoa, "sempre aparece alguma coisa para desmerecer a instituição". Ele citou a divulgação, na semana passada, de que é autêntico o Evangelho de Judas, texto gnóstico no qual o apóstolo traidor aparece como o mais próximo de Jesus.

Em 1986, a exibição do filme francês Je Vous Salue Marie de Jean Luc Goddard, foi proibida no País por pressão da Igreja Católica. Na versão de Godard, Maria é uma estudante que joga basquete, José é motorista de táxi e o anjo Gabriel é violento.

A Igreja também reagiu em 1988 contra "A Última Tentação de Cristo", de Martin Scorsese, que retrata como teria sido a vida de Jesus com esposa, filhos e um cotidiano normal. No início de 2000, entidades religiosas pediram a proibição do filme "Dogma", dirigido por Kevin Smith, que mostrava personagens bíblicos em meio a cenas de violência.

Mas não é sempre que a CNBB critica filmes de cinema baseados em passagens da Bíblia. A entidade recomendou há dois anos o filme "A Paixão de Cristo", dirigida pelo ator Mel Gibson que retrata as últimas horas de vida de Jesus.

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