Choque de interesses

O governo apostou todas as fichas na performance dos ministros Guido Mantega (Fazenda), Paulo Bernardo (Planejamento) e José Gomes Temporão (Saúde), utilizando-os na dura missão de convencer os senadores da oposição a aprovarem a proposta da extensão da cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPF), o imposto do cheque, até o final de 2011.

Não tem sido tarefa das mais agradáveis para os ministros escalados para atuar como arautos da cobrança da contribuição provisória, que o ministro Paulo Bernardo acha melhor transformar em permanente, em especial diante da barragem levantada pelo Democratas (DEM), até agora o único partido a fechar questão contra a medida.

Como no Senado o equilíbrio de forças entre governo e oposição está nivelado, o Palácio do Planalto dirigiu sua ofensiva de persuasão sobre os tucanos, buscando aí os votos necessários para obter a maioria e liquidar a fatura, sem passar pelo vexame de arcar com a extinção da CPMF.

Alguns analistas acham que o diálogo do governo com o tucanato rendeu bons frutos, à vista da admissão das propostas de isenção do pagamento da CPMF por trabalhadores que recebem até R$ 1.640, a desoneração do Imposto de Renda e a apresentação, em 30 dias, da versão oficial de reforma tributária.

Na realidade, os três ministros se esfalfaram na quinta-feira, durante a última audiência pública realizada pelo Senado antes da votação em plenário, na exposição de argumentos em defesa da essencialidade da CPMF para a melhoria das condições de funcionamento da saúde pública, sobretudo nas regiões mais carentes.

A relatora da matéria, Kátia Abreu (DEM-TO), que apresentará parecer na próxima semana antecipando que pedirá a extinção do tributo, comentou que os ministros foram ?amadores? e não acrescentaram nenhum fato novo ao que já se conhece sobre o tema.

A senadora também advertiu que a aprovação do projeto que regulamenta a Emenda 29, na Câmara, foi uma ?farsa? para fazer com que a CPMF seja aprovada também no Senado, pois o aumento de R$ 23 bilhões nos investimentos em saúde, de certo modo, fica subordinado à contribuição provisória.

O governo augura que os tucanos desfrutem o feriadão e voltem convictos de que a CPMF é um imposto justo…

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