Chinaglia é contra levar petistas à Comissão de Ética

Os deputados do PT envolvidos no suposto esquema de formação de caixa dois, com o apoio do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, deveriam prestar esclarecimentos à executiva nacional do partido, ou até mesmo ao diretório nacional, mas não deveriam ser submetidos a investigação pela Comissão de Ética da legenda. A opinião é do líder do governo na Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (SP). "Comissão de Ética implica em algo explícito, uma conotação de hipótese de punição. No PT e na sociedade, isto agrava o quadro", afirmou. Chinaglia entende que o caso que envolve os parlamentares da sigla hoje não pode ser comparado com o processo aberto na Comissão de Ética da agremiação que resultou na expulsão dos deputados João Batista de Araújo (Psol-PA), o Babá, e João Fontes (PDT-SE); Luciana Genro (Psol-RS), e da senadora Heloísa Helena (Psol-AC). "Acho que não tem relação de um fato com outro. Se analisarmos do ponto de vista daquilo que foi o motivo da expulsão de quatro parlamentares, algum tempo atrás, já era uma avaliação dele e também do PT que eles estavam fundando dentro do PT, um outro partido. Isso tem dimensão e gravidade que não tem a ver com o assunto de financiamento de campanha ou corrupção", afirmou Chinaglia. "Eu não conheço nenhum partido que aceitaria que seus parlamentares usassem sua estrutura para organizar e fundar outro partido. A meu ver, esta foi a razão principal das quatro expulsões", acrescentou. O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), teve posição dúbia, ao ser indagado se sugeriria que os líderes do partido supostamente envolvidos com Valério deveriam ser submetidos à investigação da comissão. Para ele, a abertura de investigação deveria ser definida pela executiva nacional da legenda, mas, ao mesmo tempo, Mercadante disse entender que estes parlamentares deveriam ser ouvidos pela Comissão de Ética. Ele afirmou que, conforme estabelece o estatuto da legenda, todos os suspeitos terão direito de defesa antes de receberem qualquer tipo de punição. "Ninguém pode ser afastado, ainda que existam evidências muito graves, sem que sejam ouvidos antes. Se eles não quiserem ser ouvidos, e não apresentem defesa em tempo hábil, aí sim devem ser afastados", analisou. Mercadante disse ainda que bancada do PT no Senado apresentará na reunião do diretório nacional um documento conjunto sugerindo a criação de uma comissão mista, formada por deputados e senadores, para debater o projeto de Lei da Reforma Política para ser aprovado pelo Congresso até 3 de outubro e assim estabelecer novas regras para a campanha do próximo ano. "Vamos propor uma redução brutal dos custos de campanha, no formato do programa de TV, do material de propaganda e acabar com brindes e todos os gastos desnecessários, além de assegurar fidelidade partidária", afirmou. O documento pregará também a prioridade para a retomada de votações importantes no Congresso, caso das reformas tributária e do Judiciário e da operacionalização das Parcerias Público-Privadas (PPPs). "Proporemos também um pacto entre todos os partidos em defesa da educação", acrescentou. A oposição tem qualificado as propostas como esta do PT, apresentada por Mercadante, "como diversionistas", o que seria uma tentativa do partido de tirar a crise do foco político.

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