China pede resposta séria do Irã às sanções da ONU

O presidente da China, Hu Jintao, pediu nesta sexta-feira (5) que o Irã "responda seriamente" à resolução do Conselho de Segurança da ONU que proíbe a comercialização de materiais nucleares e de tecnologia com os iranianos. Em visita a Pequim, o negociador nuclear iraniano, Ali Larijani, reiterou que a tecnologia nuclear de seu país tem fins pacíficos. "Não faz parte de nossa doutrina estratégica e diplomática buscar armas nucleares", disse ele.

Larijani afirmou que o Tratado de Não-Proliferação Nuclear é uma "boa estrutura", com a qual o Irã continua comprometido. "Estamos dispostos, dentro dessa estrutura, a desenvolver energia nuclear de forma pacífica", disse ele. "Mas, se formos ameaçados, a situação pode mudar.

A China é um dos cinco países com poder de veto no Conselho de Segurança, que em dezembro aprovou por unanimidade a imposição de sanções ao Irã. O objetivo das medidas é tentar interromper o programa de enriquecimento de urânio iraniano, atividade que o Ocidente teme que seja usada para desenvolver bombas atômicas. "A aprovação unânime da resolução 1.737 na ONU reflete a preocupação disseminada na comunidade internacional. Esperamos que o lado iraniano possa dar uma resposta séria a ela", disse Hu ao negociador iraniano, segundo a TV estatal chinesa.

Petróleo

Mas os chineses também dependem do Irã para comprar cerca de 12% de seu petróleo bruto, e já fizeram apelos aos iranianos para que acabem com o impasse. O Irã alega que só quer dominar a tecnologia nuclear para gerar energia elétrica com fins pacíficos.

Larijani disse que o relacionamento entre China e Irã não foi prejudicado pelo apoio chinês à resolução. "Não mudaremos relacionamentos estratégicos por questões táticas. Nosso relacionamento é antigo e duradouro", disse Larijani numa entrevista coletiva na embaixada do Irã em Pequim.

Segundo ele, o governo iraniano só culpa os Estados Unidos pelas sanções, embora elas tenham sido aprovadas por unanimidade no conselho, de 15 integrantes. "É claro que sabemos quem é mesmo o responsável e quem está por trás das sanções, e ninguém mais pode ser culpado."

Segundo a agência de notícias oficial Xinhua, a China pediu a retomada das negociações, mas o Irã não cedeu. "Os EUA vêm realizando esse tipo de política há 27 anos, e não têm sido muito eficazes", disse Larijani.

Ainda hoje, o chefe da agência nuclear iraniana afirmou que seu país produziu e armazenou 250 toneladas do gás usado como combustível para o enriquecimento de urânio, informou a emissora estatal de TV do Irã. O vice-presidente Gholamreza Aghazadeh, que também é chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, afirmou que o Irã conservou o gás UF-6 em túneis subterrâneos num centro nuclear em Isahan, a fim de se proteger de qualquer possível ataque. "Produzimos mais de 250 toneladas de UF-6. Se vocês visitarem Isfahan, verão que construímos túneis que são quase únicos no mundo", declarou Aghazadeh à TV estatal iraniana.

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