CGU mapeia 33 empresas que apoiavam Planam

Um mapa elaborado pela Controladoria-Geral da União (CGU), com base no cruzamento de dados das prestações de contas das prefeituras, nas escutas telefônicas e nos depoimentos colhidos pelo Ministério Público Federal e pela CPI das Sanguessugas, mostra que a máfia das ambulâncias – controlada pela família Vedoin – utilizava-se de pelo menos 33 empresas para fraudar licitações públicas e superfaturar os preços dos contratos na área de saúde, obtidos por meio de convênios com a União e celebrados com verbas das emendas parlamentares individuais.

O quadro com as empresas do grupo Planam e suas associadas, obtido com exclusividade pelo Estado, será um dos fios condutores da maior devassa realizada pela CGU em contratos da área de saúde em prefeituras do País, que foi iniciada ontem. A operação pente-fino desencadeada pela controladoria abrange 600 municípios brasileiros que tiveram licitações vencidas pelas empresas do grupo das sanguessugas. O objetivo da operação será identificar o tamanho do rombo deixado nos cofres públicos, seus responsáveis e buscar judicialmente o ressarcimento do dinheiro desviado.

O mapa divide as empresas em três grupos, conforme o grau de informações já levantadas sobre sua formação societária e a forma de atuação dentro da quadrilha, a pedido do ministro da CGU, Jorge Hage. ?Temos mapeado todas as relações do grupo Planam, como eles atuavam criando empresas em nomes de laranjas e de familiares e de que forma usavam parcerias para fraudar as concorrências?, disse Hage.

O primeiro grupo engloba as empresas com participação societária direta e confirmada dos membros da família Vedoin (Luiz Antonio e seu pai Darci): Planam, Klass Comércio e Representação, Santa Maria Comércio e Representação e Enir Rodrigues de Jesus. As últimas três, segundo denúncia do MPF, ?se prestaram exclusivamente a finalidade de acobertar o elevado fluxo de capital da Planam? e foram constituídas em seus nomes e em nomes de ?laranjas? – como empregadas domésticas -, funcionando num mesmo endereço.

O segundo grupo é o das empresas constituídas em nome de familiares (ativas e não-ativas) que eram usadas exclusivamente para acobertar as fraudes nas licitações, dando aspecto de legalidade aos processos com os municípios. Nesse bloco, 11 empresas estão listadas.

Relatório do MPF aponta que firmas como a Vedovel Comércio e Representações, Vedobus Comércio e Indústria de Veículos, Vedocar Transformação de Veículos e a Via Trading Comércio de Medicamentos – que estão neste bloco – ?eram empresas de fachada que não funcionaram de fato e apenas foram criadas para participar de licitações simuladas por todo o País?.

O terceiro e último grupo engloba as empresas com indícios de parceria com o grupo Planam, mas que ainda não há informações detalhadas que sustentem uma acusação formal. São 19 firmas que aparecem constantemente nas licitações em que participam o grupo Planam ou que foram indicadas pelos próprios empresários Luiz Antonio Vedoin e Darci Vedoin em seus depoimentos como parceiras nos esquemas de fraude.

Um dos casos é a Torino Comercial de Veículos – pertence a José Thomaz de Oliveira Neto, que é apontada pelo MPF como ?parceiro? dos Vedoin. A firma vendeu mais de 311 veículos para o grupo. Num dos casos já auditados pela CGU, na prefeitura de Salto do Céu (MT), ficou evidenciado a parceria. Numa compra de ônibus escolar por R$ 68 mil pela prefeitura foram convidadas três empresas: Santa Maria, Comercial Rodrigues e Torino Comercial de Veículos. A vencedora foi a Santa Maria (empresa em nome dos Vedoin), que acabou entregando à prefeitura um veículo adquirido da Torino, que apresentou na licitação proposta de preço superior. Os Vedoin não foram encontrados para comentar o caso, mas até o momento confirmaram o uso das empresas nos esquemas de fraude.

Procuradas pela reportagem, a maior parte das empresas não foi localizada, muitos porque pertencem aos próprios envolvidos ou porque estão constituídas em nomes de ?laranjas?. O grupo Rontan informou que nunca participou de licitações públicas e que só trabalha para montadoras. A Ideal Automóveis também informou que não tem qualquer relação com o grupo Planam.

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