Centrais sindicais reafirmam críticas ao uso do FGTS em obras de infra-estrutura

Rio de Janeiro – O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, reafirmou nesta quarta-feira (24) que a perspectiva de novos investimentos e a desoneração de impostos são pontos positivos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ainda que na sua avaliação pudesse ser maior. ?Que (o PAC) sinalizasse uma reforma tributária e fiscal mais profunda, mas diminuir impostos todos nós estamos a favor, e, portanto, não podemos criticar isso?, afirmou em entrevista ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional.

O dirigente sindical também elogiou a inclusão da correção da tabela do imposto de renda e o reajuste do salário mínimo no PAC. ?(o governo) Cumpriu o que tinha combinado com a gente. Então também estamos de acordo?, afirmou.

A crítica ao PAC continua sendo em relação à aplicação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em obras de infra-estrutura. Paulo Pereira reafirmou que não concorda com a medida por entender que o risco permanece com o trabalhador.

?Este modelo do governo ir lá e pegar R$ 5 bilhões abre um princípio muito ruim para o fundo, porque hoje só tem dois lugares com dinheiro no Brasil, Fundo de Garantia e o FAT (Fundo de Ampara ao Trabalhador), que governo já está fazendo uma confusão total e vai acabar com o dinheiro do FAT logo. O Fundo de Garantia funciona direitinho porque é cuidado por trabalhadores, empresários e governo. Não deixam roubar. Se a gente permitir que agora pegue 5 bilhões (de reais) e daqui a pouco pega mais cinco, acaba o dinheiro do fundo?, declarou.

Paulo Pereira contestou o argumento do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que em caso de prejuízo o trabalhador não terá perdas. ?Na prática não tem nada disso. Acho que eles estão enganando. O superintendente do FGTS explicou que não tem cobertura de risco. Se tiver algum investimento que o governo fizer e der errado, quem vai pagar é o Fundo de Garantia. Hoje é o Lula, amanhã vem outro e tira mais. A gente pode futuramente não ter mais o fundo?, disse. 

Paulo Pereira sugeriu ao governo a adoção de modelo semelhante ao usado na venda de ações da Petrobras e da Vale do Rio Doce, que na sua avaliação deu certo como investimento individual do trabalhador. ?Fui um dos primeiros a comprar as ações da Vale e da Petrobrás, e funcionou, está indo muito bem e estou satisfeito?, afirmou.

O secretário-geral da CUT, Quintino Severo, também em entrevista ao Notícias da Manhã, reafirmou que teve, inicialmente, uma boa impressão do pacote, porque foi apresentado ao país uma proposta de perspectiva de crescimento sustentável. ?Nas últimas décadas é a primeira proposta que não tem confisco para os trabalhadores?, constatou.

O dirigente disse que por ter combatido as grandes privatizações, a central sempre entendeu que a presença do Estado é fundamental para o desenvolvimento do país.

Também como o dirigente da Força Sindical, Severo afirmou que a CUT faz uma série de ressalvas com relação à aplicação de recursos do FGTS em obras de infra-estrutura. ?Temos que garantir que o Fundo vai contribuir para a geração de empregos, igual ou superior do que está sendo hoje?, disse.

Ele sugeriu a criação de um órgão fiscalizador. ?É preciso ter um conselho para que aqueles que são os verdadeiros donos possam interferir onde serão feitos os investimentos?, defendeu.

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