Celebridades desesperadas

São as matérias mais procuradas pelos internautas. Em um grande portal, uma manchete de destaque era ?Ex (sic) de Karina Bacchi passa Dia dos Namorados acompanhado?. No outro, era ?Vesgo nega boicote de globais ao programa?. Num terceiro, ?Fernanda diz que se esforça para ser magra?. E, para completar, num quarto, ?Zulu e globais desfilam moda shopping?. É esta a imprensa feita hoje no Brasil.

Cada vez mais o chamado ?jornalismo de celebridades? ganha espaço no País. Nos jornais, revistas, emissoras de TV e rádios, a vida particular dos artistas e jogadores de futebol merece páginas e mais páginas, quase igualando em importância com política, economia e cultura.

Um exemplo claro foi o que aconteceu na semana passada, com a apresentadora de TV Adriane Galisteu. Vista constantemente com a cantora Ana Carolina, assumidamente bissexual, ela foi questionada se teria um envolvimento com a amiga. A resposta de Galisteu foi: ?Deixa falar?. Pode-se interpretar a reação como uma revolta à ação da imprensa, mas o mais provável é uma declaração evasiva que permita a continuação da história por mais alguns dias.

Isto significaria que há ?celebridades? que não se preocupariam sequer em resguardar sua sexualidade em nome da fama. Fariam isso (ou realmente fazem) por conta de um desejo quase obsessivo do público em saber o que acontece com seus ídolos. Se no passado os fãs eram pejorativamente chamados de ?macacas de auditório?, hoje eles se reúnem em sites de relacionamento – grupos organizados que chegam a pressionar meios de comunicação em nome de seus preferidos.

E a imprensa capitula. Prefere simplesmente atender os anseios dos leitores, ouvintes e telespectadores, e não tenta encontrar caminhos salutares para o jornalismo cultural. Movimentos de vanguarda não aparecem mais em jornais, rádios e TVs porque não são assunto diferente do que acontecia no passado, quando uma mudança profunda na música como a Bossa Nova teve a cobertura decisiva da mídia. Hoje, somos reféns das celebridades desesperadas.

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