Caseiro nega ter recebido orientação para acusar ex-ministro da Fazenda

Ao depor na Corregedoria do Senado, o caseiro Francenildo dos Santos Costa, o "Nildo", negou hoje ter recebido orientação de quem quer que seja para acusar o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci ou qualquer outro dos freqüentadores da mansão onde ele trabalhava no Lago Sul. "Nildo" disse que decidiu contar sobre o que viu na casal onde se reuniam o ex-ministro e amigos de Ribeirão Preto depois que o motorista Francisco das Chagas Costa citou o nome dele na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos. "Vi meu nome no jornal, procurado pela polícia, nunca fiz nada para ser procurado, aí fiquei chateado, (eu) trabalhador vai passar por este abuso?", perguntou.

"Nildo" disse que, com medo de ser preso ou agredido, depois de tornado público que trabalhou para pessoas ligadas ao advogado Rogério Tadeu Buratti, perguntou ao corretor de nome Gustavo o que deveria fazer. "Ele me perguntou: ‘Você quer mesmo chutar o balde?’ Eu disse que sim", contou. "Daí, ele ficou de me ajudar a conversar com jornalistas." "Nildo" disse que sempre disse a verdade sobre o que presenciou na casa. "Duro é falar mentira, que você (tem de) ficar pensado, a verdade é fácil", alegou.

O caseiro disse que estava incomodado em ouvir informações falsas sobre o que acontecia na casa. "Também estava carregando nas minhas costas o depoimento do dr. Rogério", contou, referindo-se a uma das vezes em que Buratti, depondo na CPI dos Bingos, deu informações falsas sobre o que acontecia na casa, até mesmo sobre a presença de Palocci. Ele disse que Gustavo o apresentou a um amigo, chamado Enéas, que o levou até o gabinete do senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), onde esperou a chegada da jornalista (da Agência Estado) que iria entrevistá-lo. O caseiro disse que conversou rapidamente com o senador, porque ele estava de saída para pegar um avião. Foi categórico ao negar que tenha se encontrado com outros parlamentares.

Autor do requerimento para que "Nildo" depusesse na Corregedoria, o senador Almeida Lima (PMDB-SE) disse que a intenção foi a de rebater "as ilações maldosas" feitas pela senadora Ideli Salvatti (PT-SC). Ele lembrou que Ideli requereu ao presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), as fitas de vigilância dos corredores da casa, na intenção de checar se o caseiro conversou com outros senadores, antes de dar a entrevista.

O advogado dele, Wlício Chaveiro do Nascimento, fez um aparte para explicar que "Nildo" "jamais agiu como um delator". "Ele teve seu nome citado na CPI e isso lhe deu medo, inclusive de ser preso naquela hora. Decidiu, então comparecer (à CPI) e conta a história que ele sabe", explicou. Os senadores lamentaram que Ideli não tenha nem mesmo comparecido para ouvir o depoimento do caseiro, mesmo sendo ela a responsável, indireta pelo comparecimento à Corregedoria. O senador Flávio Arns (PT-PR) fez perguntas sobre as características de Enéas e até mesmo sobre o carro em que ele levou "Nildo" até o Senado. O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), criticou o procedimento. "Espero encontrar o Enéas para pedir uma sessão em sua homenagem", afirmou, referindo-se de forma irônica às questões de Arns. Para Virgílio, erram todos os que tratam o caseiro como se ele fosse um réu. "Interessa, sim , saber, quem deu a ordem para invadir a sua conta", defendeu. O líder lembrou que as palavras de "Nildo" o transformaram em "um Davi capaz de enfrentar vários Golias". Foi apoiado por Barros, para quem a investida do governo contra o caseiro "é coisa de fascista, coisa de um Estado terrorista".

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