Casa limpa é prevenção contra aranha marrom

Os cuidados para evitar acidentes com aranha-marrom (loxosceles) devem redobrar nos meses de verão. "A melhor forma de prevenção é a limpeza freqüente das casas, nos locais onde a aranha costuma se esconder", alerta a diretora do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde, Karin Luhm.

Curitiba tem um sistema integrado para atendimento dos casos de loxoscelismo, formado pelas 107 unidades municipais de saúde mais o Centro de Controle de Envenenamentos do Hospital de Clínicas.

A aranha marrom tem hábitos noturnos. Aloja-se geralmente em locais quentes e secos: atrás de quadros, móveis, cortinas e rodapés; nas frestas em geral; sótãos e porões; em roupas penduradas, roupas de cama e banho e em locais pouco freqüentados ou empoeirados.

Para capturar presas e depositar seus ovos, constrói teias irregulares, com aspecto de algodão esfiapado. Não é agressiva, picando somente quando se sente ameaçada – ao ser pressionada contra o corpo da vítima, por exemplo.

Na rede municipal de saúde, o atendimento aos acidentes por aranha marrom é definido por um protocolo técnico, que serve como subsídio aos profissionais da área. Com base no protocolo, 400 profissionais foram capacitados, entre médicos e enfermeiros.

O protocolo orienta o diagnóstico, a conduta adequada de acordo com a gravidade do caso e as medidas de prevenção. Nas unidades de saúde 24 horas, as vítimas de picadas recebem, além da atenção básica, o tratamento soroterápico.

A média de acidentes por loxosceles em Curitiba vem se mantendo em 3 mil casos por ano. Desde 1995 não ocorrem óbitos por picada de aranha marrom na cidade. Em 2003, foram registrados 3.637 acidentes.

Em 2004, dados preliminares do Centro de Epidemiologia apontam 3.334 casos. A picada da aranha marrom é praticamente imperceptível, o que dificulta a identificação das circunstâncias do acidente.

Raramente a picada da aranha marrom forma lesão imediata. Os sintomas evoluem lentamente e nas primeiras horas lembram picada de inseto. O quadro pode evoluir para duas formas clínicas. A cutânea, que representa 99% dos casos em Curitiba, é caracterizada por em dor em queimação, edema endurado e eritema no local da picada, sintomas pouco valorizados pelo paciente. Os sintomas se acentuam entre 24 e 72 horas após o acidente.

Já na forma cutânea-visceral, a vítima apresenta palidez, icterícia e urina escura, sintomas que aparecem nas primeiras 36 horas após a picada. A evolução cutânea-visceral não tem sido registrada em Curitiba nos últimos anos. Os casos graves podem evoluir para insuficiência renal aguda – principal causa de morte por loxoscelismo -, que surge de dois a cinco dias depois do acidente.

Cuidados

A vítima de aranha marrom deve aumentar a ingestão de líquido; manter a lesão limpa; evitar exposição ao sol e banhos quentes; retornar ao serviço de saúde nas primeiras 36 horas e, diariamente, até cinco dias, nos casos moderados. Os casos graves devem ser encaminhados ao Centro de Controle de Envenenamentos. O paciente não deve manusear a lesão nem colocar produtos caseiros.

Segundo o biólogo Marcelo Vettorello, do Centro de Epidemiologia, a população deve tomar os seguintes cuidados para se prevenir de acidentes com a aranha marrom: observar roupas e calçados antes de vesti-los; vistoriar roupas de cama e banho; fazer limpeza periódica atrás de quadros e objetos pendurados; manter os ambientes ventilados; eliminar teias; evitar o acúmulo de materiais de construção e vedar frestas ou buracos nas paredes.

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