Carga antípoda

Ninguém esperava que fosse tanto, mas a Super-Receita estreou batendo recorde de arrecadação: 6,95% de aumento real da messe de tributos federais em agosto, comparando com o mesmo período em 2004. A nova estrutura resultou da fusão da Receita Federal e da Previdência.

Em agosto, a soma de tributos federais e contribuições previdenciárias chegou a R$ 38,671 bilhões, cerca de R$ 2 bilhões a mais do que se conseguiu arrecadar há doze meses. Um recorde histórico na atuação da máquina fiscal da União que, entretanto, deve à população de baixa ou nenhuma renda a prestação de difusos e eficientes serviços de saúde pública e seguridade social.

É incompreensível para o cidadão comum testemunhar a gigantesca cobrança de tributos, sem ter de volta – na forma de benefícios sociais – uma parcela do que o governo extrai pela via compulsória da sociedade produtiva.

A realidade cruel nos mostra que o resultado exponencial da arrecadação se destina a encorpar o chamado superávit primário, ou seja, a massa de recursos destinada ao pagamento dos juros e amortizações da dívida pública.

De posse do volume monstruoso de dinheiro tirado do dia a dia das pessoas, talvez mordido pelo remorso, o governo começa a falar timidamente na redução da carga tributária antípoda da distribuição da renda.

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