Carbono é dinheiro

O mercado de créditos de carbono, inteligente idéia dos ambientalistas consubstanciada no Protocolo de Kyoto, poderá ser copiosa fonte de recursos para o Brasil. Basta que a ONU reconheça a metodologia que transforma em créditos os projetos de reflorestamento.

Argumentam os defensores da fórmula que as árvores fazem a absorção – ou seqüestro – do dióxido de carbono espalhado na atmosfera pelas emissões de gases tóxicos industriais ou de veículos automotores.

Segundo o ponto de vista da ciência, a tese é polêmica, tendo em vista que as árvores envelhecidas e que acabam morrendo transformam-se em material orgânico e fontes produtoras de gás metano. A instância oficial da ONU que cuida da implementação do Protocolo de Kyoto até o momento não aprovou nenhum método sobre seqüestro de carbono.

O Brasil teria um ganho imenso com o reconhecimento da medida, sobretudo nas indústrias de papel e celulose com base no eucalipto, bem como na indústria metalúrgica, com a substituição do coque por carvão vegetal nas áreas reflorestadas.

Fontes da USP e de várias empresas que desenvolvem projetos de seqüestro de carbono lamentam a lentidão da ONU quanto à aprovação das regras para o reflorestamento. Por exemplo, a geradora de energia AES Tietê pretende replantar dez mil hectares de mata nativa às margens do Rio Tietê, nos próximos seis anos. O projeto vai cumprir o objetivo de manter a sustentabilidade ecológica dos reservatórios.

A preocupação é cabível, pois o primeiro período de compromissos do protocolo finda em 2012, embora as metodologias não tenham sido definidas. Nesse aspecto, a pressa do governo em dar seu aval também é requerida, tendo em vista a exigência do tratado.

O Ministério da Ciência e Tecnologia é o órgão responsável pela coordenação do comitê multidisciplinar com atuação específica na área. Segundo se apurou, até meados de outubro estarão aprovados todos os projetos elaborados de acordo com as exigências.

Até 2012, o mercado de créditos de carbono deve movimentar algo em torno de US$ 30 bilhões anuais, e o Brasil poderá receber pelo menos 10% dos recursos. Quem reduz a emissão de gases poluentes vende os ?créditos? a empresas e governos de países industrializados por dinheiro vivo. Uma tonelada de gás carbônico varia hoje de três a sete dólares.

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