Candidato de Collor desiste da disputa em Maceió

Maceió, 03 (AE) – O pastor evangélico Ildo Rafael, candidato a prefeito de Maceió, pelo PMN, desistiu da candidatura, na sexta-feira à tarde, mas a notícia da desistência só foi confirmada hoje pela juíza da 3ª Zona Eleitoral, juíza Nelma Padilha, responsável pela homologação da renúncia.

Rafael, que contava com o apoio do ex-presidente Fernando Collor e era coligado com o PRTB, alegou dificuldade financeira e falta de perspectiva eleitoral para ter renunciado às vesperas do pleito. Ele negou ter recebido dinheiro do deputado federal e usineiro João Lyra para retirar-se da disputa.

Segundo a juíza Nelma Padilha, o pedido de renúncia foi feito no final da tarde de sexta-feira, mas somente foi recebido no sábado pela manhã pelo TRE. Ela mesma proferiu a sentença de homologação de renúncia, com base no pedido do candidato.

A juíza explicou que como não há edição do Diário Oficial Estado no domingo, a sentença de homologação da renúncia só deverá ser publicada na terça-feira, mas o despacho da magistrada se encontra afixado no Cartório da 3ª Zona Eleitoral..

A juíza informou que o pedido de renúncia feito pelo candidato foi simples e não havia explicações sobre o motivo. No entendimento dela, todos os votos dados ao candidato deverão ser anulados, mas ela irá consultar o Tribunal Regional Eleitoral do Estado para ter certeza disso.

Já o diretor geral do TRE-AL, coronel Nelson Nascimento, confirmou que todos os votos dados a Ildo Rafael serão considerados nulos. Isso ajudará na contagem de votos válidos para o candidato a prefeito Cícero Almeida (PDT), que tem chance de vender as eleições em Maceió no primeiro turno, considerando a margem de erro das pesquisas do Ibope.

Na última pesquisa do Ibope, Almedia liderava com 41%, seguido pelos candidatos José Wanderley Neto (PMDB), com 20%, e Alberto Sextafeira (PSB), com 17%. Os outros quatro candidatos juntos – Régis Cavalcante (PPS), Ildo Rafael (PMN), Ricardo Barbosa (PSTU) e José Djalma (PRP) – somavam 8%.

A prefeita de Maceió, Kátia Born (PSB), disse, quando foi votar acompanha do vice-prefeito Alberto Sextafeira, que Ildo Rafael deveria ser preso por crime eleitoral. “Esse Ildo Rafael deveria está na cadeia, por ter participado dessa negociata e desrepeitado o eleitor de Maceió”, afirmou Kátia.

O governador Ronaldo Lessa (PSB), que também apóia a candidatura de Sextafeira, disse que, ao deistir na véspera da votação, “o pastor Ildo Rafael cometeu um estelionato eleitoral”. Para Lessa, a decisão do candidato do PMN acaba com a carreira política dele e beneficia o candidato dos “maus usineiros”.

O senador Renan Calheiros, líder do PMDB no Senado, chamou Ildo Rafael de “candidato laranja”. Para ele, a desistência tumultua o pleito, porque termina beneficiando o candidato que está na frente. Mesmo assim, Renan disse que acredita que seu candidato – Wanerley Neto – passará para o segundo turno.

Alberto Sextafeira lembrou que no último debate da TV Gazeta/Rede Globo chamou Ildo de “laranja” – numa alusão ao candidato que se lança para durante a campanha beneficiar outra candidatura. “Agora eu tenho certeza que a candidatura dele (Ildo) é uma laranjada, porque tem o açúcar dos maus usineiros”, disparou o vice-prefeito.

À tarde, quando concedia entrevista a uma emissora de rádio, Ildo foi ofendido por um ouvinte, que se disse revoltado com a desistência dele e chegou a perguntar quanto o pastor tinha recebido em dinheiro para desistir. O candidato negou que tenha recebido dinheiro para desistir.

“Estão nos acusando de forma injusta”, afirmou Rafael. “Nossa candidatura só tinha 2% das intenções de voto. Portanto, não acho que a minha desistência tenha influído no pleito”, acrescentou o candidato do PMN. Segundo ele, a saída na semana passada do marqueteiro José Wellito, indicado por Collor para fazer a sua campanha, também influenciou na renúncia. “Me deixaram só e endividado”, afirmou Ildo Rafael, que até o início da tarde não tinha ido votar no 131ª sessão, que fica no Colégio Estadual Monsenhor Benício Dantas, no Conjunto Santo Eduardo, em Maceió.

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