Campanhas sem efeito

Nos últimos cinco ou talvez dez anos, fomos ?metralhados? por centenas de campanhas para evitar que os jovens consumam drogas. Governos federais, estaduais e municipais, organizações não governamentais, empresas e a mídia apresentaram milhares de razões para que não se entre na terrível espiral dos entorpecentes. Não adiantou nada.

O Relatório Mundial sobre Drogas 2008, divulgado ontem pelo Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC), indicou um crescimento de 160% no consumo de maconha no Brasil nos últimos quatro anos. Isto mesmo: mais que dobrou o número de usuários (eventuais ou assíduos) de maconha. A parcela da população adulta usuária subiu de 1% para 2,6%. Usando os números do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são quase três milhões de brasileiros que consomem maconha.

E não é só isso. Os usuários de cocaína passam de 870 mil, de anfetaminas idem, os de ópio superam os 600 mil. Somos os maiores consumidores de ópio e anfetaminas no continente. Título nada honroso.

Portanto, é possível dizer que pouco ou nada adiantou todo o esforço do setor público e da sociedade civil em evitar que se prolifere o consumo de drogas. Não bastaram os tristes exemplos vistos nas grandes cidades, não adiantaram os apelos, não foram suficientes os alertas. A atitude contestatória segue sendo mais interessante para o público consumidor, que agora tem mais dinheiro, graças à melhora da economia, para comprar drogas. É por isso que os países emergentes seguem com aumento no número de usuários.

Mas é preciso seguir lutando. O Brasil não pode permitir que os entorpecentes se aproximem cada vez mais da população. Além de todo o mal que eles trazem, há a destruição das famílias, a dissolução dos valores e, principalmente, a vitória do tráfico. O consumo de drogas para entrar ?na onda?, como muito se vê na juventude, sustenta a indústria do crime, que é cada vez mais forte e influente no País.

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