Violência faz governador pedir ‘pacto pela vida’ na Bahia

Pela segunda vez no mês, Salvador enfrentou um fim de semana de medo, com número de homicídios muito acima da já alta média da cidade, de cerca de 4,5 casos por dia. Entre a noite da última sexta-feira e o início da manhã de ontem, foram registrados 26 homicídios – média de quase um a cada duas horas – na região metropolitana, resultado semelhante ao do primeiro fim de semana do ano, quando foram registrados 28 assassinatos na área. Na ocasião, autoridades da Secretaria de Segurança Pública do Estado haviam definido a situação como “surto” de violência.

Os dados da secretaria apontam constante crescimento desse tipo de crime na Bahia – e em especial na capital. No Estado, apesar de o montante de homicídios ter praticamente estagnado entre 2009 e 2010, a variação nos últimos cinco anos foi de 50,7% – de 3.222, em 2006, para 4.856, em 2010. Em Salvador, o número de assassinatos por ano saltou de 967, em 2006, para 1.638 no ano passado, alta de 69,4%.

A situação causa instabilidade no comando da pasta e ações controversas por parte do poder público. O governador reeleito Jaques Wagner (PT) empossou, na semana passada, seu terceiro secretário na área – o delegado da Polícia Federal (PF) Maurício Teles Barbosa, que substituiu o colega de PF César Nunes. Poucos dias antes, Nunes havia determinado, por circular interna da secretaria, a proibição da divulgação para a imprensa de informações sobre crimes por parte da Central de Telecomunicações das polícias e das delegacias.

O governo, agora, pede a formação de um “pacto pela vida” na Bahia. No programa Conversa com o Governador, divulgado pela assessoria do governo na manhã de hoje, Wagner invoca “segmentos religiosos e sindicais, as universidades, o Ministério Público, a Justiça, a Assembleia Legislativa” para um “debate da sociedade civil” sobre o tema, com foco no controle do tráfico de drogas – chamado por ele de “multinacional do mal” e apontado pelo governo como responsável por 80% dos assassinatos no Estado.

“O maior responsável pela segurança é o governador, mas segurança não é só polícia”, justifica Wagner. “Se a sociedade moderna não recuperar os valores de espiritualidade, os valores de solidariedade, os valores de respeito ao próximo, se for uma sociedade que só corra atrás do patrimônio e do dinheiro, não vai ter polícia que chegue. O pacto pela vida tem essa tarefa de mobilizar o conjunto da sociedade, ouvir críticas e opiniões, de tal forma que a gente tenha uma participação, também uma responsabilidade do conjunto da sociedade sobre a questão da segurança”.