Um ano após crise e sem verba, Incor pode ficar obsoleto

Um ano depois da crise que ameaçou fechar suas portas no final de 2006, o Instituto do Coração (Incor), em São Paulo, corre o risco de perder a excelência por causa da desatualização de seus equipamentos. O Incor já equacionou dívidas, mas, desde o ano passado, não fez investimento para atualizar seus equipamentos. ?É evidente que na crise não nos reequipamos?, diz o imunologista Jorge Kalil, presidente do Conselho Curador da Fundação Zerbini, que gere o Incor. ?Estamos no limite e temos de reequipar o Incor urgentemente.

Para superar o atraso, o instituto espera recursos prometidos pelos governos federal e estadual. No auge da crise, senadores incluíram no orçamento da Saúde para 2007 R$ 100 milhões para o Incor, mas até agora o dinheiro não foi liberado. Kalil diz contar com o empenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para resolver o drama do Incor e com a ajuda dos ministros José Gomes Temporão, da Saúde, e Sérgio Rezende, da Ciência e Tecnologia, para liberar a verba. ?Se não fizermos o reequipamento agora, no ano que vem começamos a perder excelência?, alerta Kalil.

Do Palácio dos Bandeirantes, Kalil está contando com outros R$ 100 milhões que o governador José Serra prometeu liberar em três anos, dinheiro carimbado para novos investimentos do Incor. Serra passou a ajudar na crise depois que a Fundação Zerbini aceitou seis condições impostas pelo governador, entre elas reduzir pessoal e gastos, diminuir o teto dos salários, concentrar no Incor (e não na unidade de Brasília) e centralizar as gestões da Zerbini e do instituto.

Com todas as medidas de saneamento financeiro que adotou, o Incor está saindo de uma dívida de R$ 250 milhões e dois déficits anuais em torno de R$ 56 milhões, em 2005 e 2006, para dívidas renegociadas e um superávit em torno de R$ 5 milhões neste ano. Para entrar no azul, reduziu dramaticamente as despesas, aumentou o atendimento do SUS (a receita SUS cresceu em R$ 6 milhões anuais) e o particular, transferiu funcionários para o Hospital das Clínicas (HC) e hoje paga os salários em dia. Parte das compras de suprimentos agora será feita pelo HC; a antiga dívida com fornecedores (R$ 30 milhões) foi renegociada e ganhou prazo para pagamento.

A Fundação Zerbini, por sua vez, negociou as dívidas com bancos privados (R$ 80 milhões), abandonou a sede suntuosa de 1.000 m² na Avenida Faria Lima e mudou-se para uma de 300 m² na Paulista, que pertence ao próprio Incor, demitiu 70 funcionários, está entregando o Incor de Brasília e abandonou antigos sonhos mirabolantes, como a criação de um Incor em Aruba. Os salários mais altos hoje têm teto – o salário do governador.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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