TSE desafia Ciro a indicar casos concretos de favorecimento

Ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desafiaram hoje o candidato da Frente Trabalhista a presidente, Ciro Gomes (PPS-PDT-PTB), a indicar casos concretos de favorecimento ao candidato da Grande Aliança, José Serra (PSDB-PMDB), nos julgamentos do órgão. Na última semana, Serra obteve seis direitos de resposta na publicidade eleitoral gratuita de Ciro, contra apenas um dele.

Os ministros alegam que a falta de fatos concretos comprova que as agressões de Ciro contra o tribunal não passam de um movimento político, uma forma de chamar a atenção. ?Ele tem um advogado do melhor quilate?, alega um ministro, referindo-se ao ex-colega do tribunal Torquato Jardim Neto, que divide a defesa de Ciro com o advogado cearense Hélio Parente. ?Se houvesse algum tipo de suspeição, com certeza, as decisões teriam sido contestadas.?

O ministro Caputo Bastos, um dos alvos dos ataques da coordenação da campanha da Frente Trabalhista, disse, em defesa do TSE: ?Se, da parte da coligação, existe alguma suspeita, por que não argüir a suspeição do ministro??. Bastos rebateu as declarações de um dos coordenadores da campanha do candidato da Frente Trabalhista a presidente, deputado João Herrmann Neto (PPS-SP), que lembrou ter sido ele advogado do presidente Fernando Henrique Cardoso na campanha à reeleição. ?Não tenho nenhuma relação pessoal com o presidente nem com seu vice Marco Maciel?, disse.

Segundo Bastos, o fato de ter trabalhado para Fernando Henrique nas eleições de 1994 e 1998 não é motivo para duvidarem da atuação dele no TSE. Bastos confirmou que o filho de Maciel, João Maurício, fez estágio no escritório dele, mas que hoje eles não têm mais nenhuma ligação profissional.

Um outro ministro do TSE admite a possibilidade de Ciro estar sendo prejudicado por descuidos da coligação no preparo do programa eleitoral. Disso, resultaria falhas apontadas pelos adversários e reconhecidas pela Justiça Eleitoral.

Para o ministro Fernando Neves, relator das instruções normativas das eleições deste ano, a queixa do candidato da Frente Trabalhista repete o argumento do presidente do TSE, ministro Nelson Jobim, de que ?juízes julgam com isenção e são julgados com paixão?. ?Quem perde acha sempre que a causa foi julgada contra ele?, alegou. Neves afirmou ainda que não tem dúvida quanto à isenção do colegas e a transparência das decisões do tribunal.

No entender do ministro Sepúlveda Pertence, a iniciativa de Herrmann de pedir a presença de observadores internacionais para acompanhar as eleições é positiva.  ?Quantos mais observadores vierem, melhor?, afirmou. ?Vai ficar provado que o processo de eleição no País é o mais transparente possível?, disse.

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