Técnico nega falha na demolição de prédio em São Paulo

Um dos responsáveis pela demolição do Moinho Central, em Campos Elísios, no centro de São Paulo, reconheceu ontem que esperava mais do serviço. O prédio teve de ser derrubado após um incêndio na Favela do Moinho, no dia 22 de dezembro, prejudicar as fundações do edifício de seis andares e ameaçar as duas linhas de trem que passam ao lado do local. A implosão, no dia 2, deixou o prédio de pé, com dois andares a menos.

“Eu esperava mais do serviço, mas não houve falha”, disse Wesley Bartoli, diretor técnico da Desmontec, uma das empresas contratadas emergencialmente para executar o serviço (a outra é a Fremix). “Eu até trabalhei para que conseguisse jogar (o prédio) no chão. Mas eu não consegui jogar, porque o explosivo, apesar de todo mundo achar que é muito, ainda foi pouco. E também eu não podia pôr explosivos em tudo quanto é lugar.”

Segundo Bartoli, sua avaliação antes da implosão era a de que o prédio “tinha 50% de cair e 50% de chance de ficar em pé”. “Eu fiquei triste, porque as pessoas não sabem interpretar. Eu devia ter frisado, antes, que o prédio corria o risco de só assentar, porque nós planejamos a implosão para tirar o risco (às linhas de trem) e não para eliminá-lo totalmente”, disse o diretor.

O prefeito Gilberto Kassab (PSD) reafirmou que não esperava a demolição completa do prédio. “A minha expectativa é de que não tivesse problemas com relação aos trilhos e que a circulação fosse restabelecida, como foi. Se ele tinha a expectativa de que caísse ou não caísse, isso é um problema dele (Bartoli).”

“Ninguém está mentindo, nem ele nem a Prefeitura. O que ele disse é que a Prefeitura sabia de seus procedimentos e eu sabia por meio da outra empresa. Ele falou a verdade. A Prefeitura também falou a verdade. O que existe é uma tentativa política de levantar alguma suspeição sobre algo que foi feito corretamente, com muita transparência e seriedade”, disse o prefeito.

Inquérito

A implosão parcial do Moinho Central será objeto de um inquérito civil público, cuja instauração está prevista para a próxima segunda-feira. O promotor de Habitação e Urbanismo Maurício Ribeiro Lopes afirmou hoje que serão avaliados diversos aspectos da ação, considerada malsucedida por alguns especialistas. Um dos pontos que serão analisados é o custo da operação que, segundo a Prefeitura, foi de R$ 3,5 milhões.

O Ministério Público informou que deve haver nova interdição nas Linhas 7-Rubi e 8-Diamante da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) a partir das 2h de sábado, para a continuidade da demolição do que sobrou do prédio do antigo moinho. A CPTM, no entanto, não confirmou a informação ontem à noite. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Voltar ao topo