Severino fala grosso e dará aumento para deputados

Brasília – O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, disse ontem, em entrevista coletiva, que o deputado que estiver preocupado com o aumento salarial dos parlamentares deve renunciar ao reajuste. "Esses deputados preocupados com isso, eu queria que eles fizessem uma carta, renunciando ao reajuste e eles deixariam de receber", afirmou.

Severino disse que prometeu o aumento salarial para os deputados e que "quem promete tem que pagar". Ele não acha que a sua eleição foi um recado para o governo, mas para os ministros."Isso eu vou conversar com o presidente Lula. O que ele quer é o que eu quero: fazer com que este país realmente cresça, que acabe essa miséria, que as micro e pequenas empresas possam ter um lugar ao sol, que não estão tendo", disse Severino, reafirmando que não será empecilho ao governo Lula.

O presidente da Câmara disse que o mercado não precisa ficar nervoso com sua gestão porque ele não é "nenhum tresloucado" para prejudicar o Brasil. Severino reiterou que o presidente Lula não terá nele um adversário, desde que as medidas tomadas tenham como objetivo melhorar a vida dos brasileiros, como a redução do desemprego. "Eu posso não gostar do Lula, mas tenho que gostar do Brasil", afirmou. Indagado se dizia que não gostava do presidente Lula, Severino explicou-se: "Eu não tenho nada contra o presidente Lula. Sou patriota, sou brasileiro, e quero que o presidente Lula faça um bom governo".

Ele elogiou a condução da política agrícola pelo governo. "É um governo que está procurando fazer alguma coisa. Vejam o que ele tem feito na área rural, com uma produção excepcional. Nunca o País conseguiu uma produção dessa. O ministro da Agricultura (Roberto Rodrigues) é um excelente ministro. Está dando realmente uma dimensão à agricultura do País", disse.

Indagado sobre o que pensava da proposta de fazer as eleições para presidente e governador coincidirem com a municipal, Severino defendeu a prorrogação de todos os atuais mandatos, inclusive do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por dois anos. Com isso, não seria realizada a eleição de 2006, e em 2008 o país iria às urnas para eleger deputados, senadores, governadores, prefeitos, vereadores e o presidente.

A questão salarial e das verbas de gabinete dos deputados federais foi a principal plataforma de Severino, o que explica o entusiasmo que causou no chamado baixo clero da Câmara, setor que fica afastado dos grandes debates e também dos gabinetes dos ministros. De acordo com a promessa de Severino, um deputado que hoje ganha R$ 12,8 mil terá o seu salário equiparado ao rendimento de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que é de R$ 17,5 mil, podendo chegar a R$ 21,5 mil caso um projeto de lei que aumenta o teto seja aprovado na Casa. O presidente da Câmara pode aumentar o salário sem a aprovação dos demais deputados. Basta assinar um ato administrativo com o reajuste, o que já está "praticamente" decidido, de acordo com ele.

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