Severino está cansado de “levar cacete”

severino300305.jpg

Severino: "são críticas sórdidas. Eles
(a imprensa) deturpam tudo".

Brasília – Criticado por usar de influência para empregar parentes em gabinetes, o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), queixou-se do que chamou de perseguição da imprensa e afirmou que as notícias negativas acabam atingindo a imagem da instituição. "Só tenho levado cacete. Já tenho história para contar. Diziam até que pediriam meu impeachment", afirmou ontem Severino.

Mais cedo, Severino disse a líderes dos partidos na Casa que está presente nos noticiários de forma "mentirosa" e "mal-intencionada". Nos últimos dias, ele tem sido alvo de constantes críticas por contratar grande número de parentes para cargos comissionados na Câmara. "Pelos meus erros eu respondo. Só não posso responder pelo exagero que colocam nas minhas costas, com notícias e dados mentirosos que acabam por atingir a própria instituição. A instituição Câmara dos Deputados não merece isso", disse a parlamentares.

Há alguns dias, ele havia justificado que os títulos universitários de seus familiares com cargos na Casa os credenciavam a assumir postos mesmo sem realizar concursos públicos. Em discurso sobre a MP 232, que aumenta impostos para empresas prestadoras de serviços, Severino atribuiu parte de sua popularidade à iniciativa de ter se transformado num "porta-voz" do movimento contra a medida e pediu ajuda a empresários para melhorar a imagem da Câmara.

"Não aceitem críticas aos deputados. São críticas sórdidas. Eles (a imprensa) deturpam tudo. Deputado não tem nada a oferecer além de trabalho", argumentou.

Nepotismo

A contratação de parentes está na mira da Procuradoria da República no Distrito Federal, que está investigando e tomando medidas para combater o nepotismo no Congresso. A procuradoria requisitou ao presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), por meio de ofício, que determine o afastamento provisório com a conseqüente suspensão do pagamento de salários dos parentes contratados até o julgamento final da representação.

"A prática de nepotismo configura, em tese, violação dos princípios constitucionais da impessoalidade e da moralidade administrativa", afirmam os procuradores no ofício. O alvo inicial da procuradoria são Severino Cavalcanti, o deputado Ciro Nogueira (PP-PI) e o senador Efraim Moraes (PFL-PB).

É possível que o mesmo procedimento seja estendido ao emprego de cônjuges de parlamentares, prática denunciada em reportagem deste fim de semana. Os procuradores José Alfredo de Paula Silva e Luciano Sampaio Gomes Rolim citam reportagens publicadas na imprensa que relatam o emprego de parentes pelos parlamentares.

Partidos reclamam

Brasília – Os líderes dos partidos na Câmara dos Deputados arrancaram do presidente Severino Cavalcanti (PP-PE) o compromisso de compartilhar o poder para temas como a definição da pauta de votações. Alvo de constantes reclamações, o presidente da Câmara teve de ceder às pressões e dividir as atividades, até agora concentradas nele. "Severino, depois da semana passada, veio com um espírito mais ameno e está querendo aceitar nossas reclamações, nossos questionamentos", afirmou o líder do PSB, deputado Renato Casagrande (ES), após reunião de Severino com o grupo de líderes dos partidos.

Durante a conversa, o presidente foi criticado por apenas ouvir parlamentares próximos a ele, na maioria do PP, e de não dar aos partidos a influência de interferir na agenda dos trabalhos legislativos. "Longe da presidência a intenção de dirigir os trabalhos da Câmara dos Deputados sem a participação importantíssima dos senhores líderes", rebateu Severino.

Voltar ao topo