Severino antecipa volta e admite licenciar-se

Nova York – Depois de passar quatro dias em Nova York, na 2.ª Conferência Mundial dos Chefes de Legislativo, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), decidiu antecipar seu retorno a Brasília e, pela primeira vez, admitiu que pode se licenciar do cargo para que seja investigada a denúncia contra ele. Mas um parlamentar brasileiro que está em Nova York disse que, na verdade, o pedido de licença já está decidido.
Severino teria tomado a decisão depois de intensas negociações, iniciadas na noite de quinta-feira. Na manhã de ontem, ele teria informado seu substituto imediato, o vice da Câmara, José Thomaz Nonô (PFL-AL), sobre seu afastamento. ?Nonô já foi informado, mas o anúncio formal será feito por Severino na segunda-feira?, assegurou o parlamentar.
Também pela primeira vez, Severino admitiu que pode ter errado, embora insista em que a denúncia é falsa – o empresário Sebastião Augusto Buani o acusa de cobrar propina em troca de prorrogar a concessão de um de seus restaurantes na Câmara. O deputado fez quase um mea-culpa: ?Quem deve alguma coisa que pague. Eu não vou ficar como inocente, se fiz alguma coisa pela qual deva ser castigado. Quem deve tem de pagar. O que não aceito é ser enforcado antes do tempo.? Não disse, porém, quem estaria interessado em sua saída. ?Eu não posso adivinhar e não estou aqui para denunciar ninguém.?
Renúncia
Visivelmente abatido, Severino deu entrevista no escritório da missão brasileira nas Nações Unidas. Ele reafirmou que não vai renunciar ao mandato, mas deixou a porta aberta para o pedido de licença. ?Essa é uma questão que quando eu chegar ao Brasil informarei?, disse. Diante da insistência dos jornalistas, ele diferenciou. ?Renúncia não existe?, disse. ?A licença vou conversar com meus auxiliares, quando tomarei conhecimento das denúncias. Conversarei tão logo chegue.?
No dia anterior, Nonô sugeriu a Severino que mudasse de conselheiros para entender a real dimensão da crise.

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