Serra reage e chama Lula de ?grosseiro?

O candidato do PSDB ao governo do Estado de São Paulo, José Serra, reagiu ontem às acusações de que ?vomitava preconceito?, feitas ontem pelo presidente e candidato à reeleição pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, durante comício realizado em Osasco. ?Ele (Lula) foi tão grosseiro que eu não me sinto em condições de travar um diálogo. A hora em que ele fizer observações sem grosseria, eu posso responder?, destacou Serra, após almoço com empresários na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Na avaliação do tucano, as ?caneladas estão crescendo? cada vez mais nesta campanha, e considerou que, apesar de prever este tipo de ataque, não contava ?com caneladas deste tamanho?. E citou que sua campanha para a Prefeitura de São Paulo (2004), na qual sua adversária foi a petista Marta Suplicy, teve um nível muito melhor. No seu entender, responder aos ataques que está sofrendo ?seria baixar o nível da campanha?.

Questionado se teme alguma retaliação por parte do presidente Lula, caso o candidato de seu partido à Presidência da República, Geraldo Alckmin, não vença este pleito, Serra foi cauteloso: ?São Paulo não pode sofrer retaliação impunemente. Não acredito que sofra retaliação de nenhum presidente da República, pelo peso que tem o estado e a força que vou dar para o governo de São Paulo?, disse, e complementou: ?eu espero que essa consideração seja desnecessária, porque estou confiante na eleição de Alckmin?.

Serra classificou como positivo o encontro com os empresários da Fiesp, salientando que eles têm muitos pontos em comum com o seu programa de governo. ?O problema número um de São Paulo e do Brasil é o emprego, por isso faremos uma aliança pelo emprego e pela produção.? Serra brincou que algumas de suas propostas, tais como a criação de uma agência de fomento e de um banco de desenvolvimento para São Paulo estão sendo copiadas por outros candidatos.

FHC foi melhor

Serra trouxe ontem o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de volta ao cenário eleitoral. Durante evento com empresários na Fiesp, ele defendeu o governo FHC e citou números da agricultura para comparar com o atual governo. Segundo ele, entre 2001 e 2003, a agricultura cresceu 12% ao ano. Ainda em 2001, a agricultura colheu no governo FHC, de acordo com Serra, 81 milhões de toneladas de grãos.

Em 2003, como reflexo da safra de 2002, colheu 123 milhões de toneladas. Já o governo Luiz Inácio Lula da Silva, conforme destacou Serra, colheu 114 milhões de toneladas de grãos e a área plantada caiu 9 milhões de hectares. ?A agricultura está sendo destruída no atual governo e isso tem implicações gravíssimas do ponto de vista da produção e das condições sociais de vida?, comentou.

Apesar de dizer que não responde diretamente às declarações de seu adversário, o petista Aloizio Mercadante, Serra trouxe FHC para o centro dos debates justamente após críticas de Mercadante, que acusava os tucanos de esconderem o ex-presidente e não defenderem seu governo.

Na conversa com os empresários da Fiesp, Serra disse que a maior parte de suas propostas coincidia com as idéias dos empresários. Ele propôs a criação de três agências: uma de competitividade e tecnologia, uma de investimentos e uma de fomento, todas subordinadas a uma secretaria, que seria um misto das atuais secretarias de Indústria e Ciência e Tecnologia.

Sobre a agência de fomento, ele disse que os recursos viriam do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do orçamento de São Paulo e de fundos estaduais já existentes. Serra explicou que a agência não captaria recursos do mercado e não seria como um banco privado.

?Seria uma repassadora para projetos que seriam definidos como prioritários, do ponto de vista da geração de empregos e do desenvolvimento?, afirmou. ?Algo que seja imune a manipulações que, no passado, foram feitas em bancos públicos que acabaram quebrando.? De acordo com ele, já existe um marco legal para a criação desta agência.

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