Segurança desembarca na campanha presidencial

Independentemente do que vier a ocorrer nos próximos meses e da lição que ficará da onda de violência em São Paulo, os partidos políticos já se preparam para tratar a questão de segurança pública como prioridade nas eleições de outubro. ?É um tema forte. O que aconteceu no fim de semana em São Paulo vai reforçar mais o discurso em favor da segurança do Estado de São Paulo e dos cidadãos?, disse o presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), que será coordenador da campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ?As pesquisas mostram que as prioridades dos cidadãos são, pela ordem: geração de emprego, segurança pública e saúde?, afirmou João Carlos Meirelles, coordenador do programa de governo do candidato tucano, Geraldo Alckmin. ?Falta ao Brasil uma política nacional de segurança, tema abordado pelo candidato Lula em 2002 e nunca cumprido.?

Ele não teme que a violência ocorrida em São Paulo no final de semana possa ser usada politicamente pelos adversários para atrapalhar a campanha de Alckmin. ?Não há como explorar politicamente o que aconteceu em São Paulo. Nesse assunto, ninguém pode jogar a primeira pedra.? O senador Aloizio Mercadante, candidato do PT ao governo de São Paulo, concorda com Meirelles. Ele é contrário à idéia defendida por alguns petistas, de transformar o programa eleitoral do partido em São Paulo, que vai ao ar na semana que vem, em ataques ao governo do PSDB, com foco na violência registrada em São Paulo. O programa do PT deverá apresentar a candidatura de Mercadante. De Nova York, Mercadante disse que ainda não quer falar no seu programa de segurança sobre o que aconteceu em São Paulo.

A senadora Heloísa Helena (AL), candidata do PSol à Presidência da República, disse que usará seus programas eleitorais para mostrar como os governos do PSDB/PFL e PT agiram errado em relação à segurança. ?É preciso ter investimentos na área social, na segurança e no aparelhamento do Estado de São Paulo. Caso contrário, não teremos condição de combater o crime organizado?, disse Heloísa. Ela afirmou que o governo de Lula foi omisso em relação à segurança pública, setor que tem tratado com total descaso. ?Pouco mais de 1% das verbas para segurança foi liberada no Orçamento da União. É um absurdo?, declarou.

Já o candidato do PDT à Presidência, senador Cristovam Buarque (DF), acha que é preciso dar educação para os brasileiros para que atos como o dos atentados em São Paulo não se repitam. ?Por enquanto, são os criminosos que estão cometendo os atos. Mas o que vai acontecer quando os desesperados se revoltarem e resolverem sair para as ruas?? Cristovam disse que o problema da segurança no País começou no dia 22 de abril de 1500, quando o Brasil foi descoberto. ?Tomaram as terras dos índios. Depois, passamos a ser governados por pessoas que seqüestraram mais de 4,7 milhões de escravos na África. Seqüestraram crianças no berço. E quando foi assinada a Lei Áurea, ninguém se preocupou em dar educação para os filhos dos ex-escravos.? Para Cristovam, só a educação tem condição de mudar a situação.

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