Representante da ONU cobra ação policial ‘dentro da lei’

A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Louise Arbour, criticou nesta quarta-feira (5) o excesso de preocupação com a violência que ela disse ter sentido no Brasil e em outros países que visitou. Segundo ela, as discussões sobre segurança estão sendo distorcidas porque a opinião pública, assustada com os altos índices de criminalidade, está legitimando as ações violentas do Estado. "As operações policiais precisam ocorrer dentro da lei. Se o Estado não pode garantir que seus agentes trabalhem dentro da lei, eles também não podem assegurar a segurança da sociedade", disse a Louise.

"A opinião pública busca a falsa sensação de segurança estimulando ações violentas do Estado, feitas nos moldes de operações militares", disse ela, em entrevista coletiva antes de deixar o Brasil. "Estou nesse País há três dias e não posso ter soluções completas. Falei de modo genérico, mas penso que isso pode ser aplicado no Rio de Janeiro e em outras áreas onde haja esse problema de criminalidade", justificou Louise.

Mais cedo, durante palestra para alunos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ela disse que "nada justifica a escalada da violência, que é quando o Estado passa a responder às ações criminosas com mais violência". "O Estado pode oferecer segurança declarando toque de recolher às 18h ou autorizando escutas telefônicas de qualquer suspeito. Mas temos que nos perguntar o quanto da nossa liberdade estamos querendo abrir mão em troco de mais segurança. Essa discussão está sendo distorcida e o que se pensa é em tolher toda a liberdade dos outros para garantir a sua segurança. Assim é muito fácil escolher", criticou Louise.

Voltar ao topo