Relator recomenda cassar Pedro Henry

O deputado Orlando Fantazzini (PSOL-SP) lerá hoje, no Conselho de Ética da Câmara, o parecer pela cassação do mandato do ex-líder do PP Pedro Henry (MT), mas corre o risco de ter o relatório rejeitado pela maioria dos conselheiros. Um levantamento feito ontem, por conselheiros favoráveis à cassação, apontava que pelo menos 8 dos 14 deputados votariam contra Fantazzini. Se o placar for confirmado, será o primeiro caso de derrubada do voto do relator no conselho desde o início do escândalo de corrupção envolvendo o governo, o PT e partidos governistas. Os defensores de Henry argumentarão que ele deve ser absolvido por falta de provas.

Pedro Henry foi acusado pelo deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de ser um dos operadores do "mensalão", o suposto pagamento a deputados da base aliada, em troca de votações em favor do governo e reforço das bancadas governistas. É suspeito também de ser um dos líderes do PP que determinavam a retirada de dinheiro em espécie do "valerioduto". Henry nega todas as acusações.

O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza diz ter repassado R$ 4,1 milhões do caixa 2 para o PP. Os dirigentes do partido confirmam o recebimento de R$ 700 mil. Embora não haja documentos comprovando a participação de Pedro Henry nos saques do "valerioduto" ou a participação do esquema do "mensalão", Fantazzini optou pela condenação com base nos depoimentos do próprio processado, do presidente do PP, Pedro Corrêa (PE), e do assessor do PP José Cláudio Genu.

Corrêa, condenado no conselho e à espera da votação no plenário, disse que ele, o líder licenciado do PP José Janene (PR) e Pedro Henry foram encarregados pelo partido de negociar o apoio ao PT na campanha presidencial de 2002. Fantazzini está convencido que os R$ 4,1 milhões foram pagamento para garantir a aliança e que Pedro Henry participou dos acordos. Genu disse que cumpria ordens da cúpula do PP quando buscava o dinheiro de Marcos Valério. Do depoimento de Henry, Fantazzini destacará que o deputado disse ser muito próximo do governo Lula e ter sido até convidado para integrar o ministério.

Se o Pedro Henry for absolvido já no conselho, dará ânimo para outros processados contra os quais não há provas, como Vadão Gomes (PP-SP). 

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