Relator diz que CPI Aérea deve aprofundar investigação

Os partidos de oposição decidiram cobrar do governo ações para pôr fim à crise do setor aéreo, que se arrasta há quase dez meses. Os oposicionistas culparam o governo federal por não ter investido em infra-estrutura aeroportuária, o que teria acabado ocasionando a tragédia com o Airbus da TAM. Pela primeira vez, desde que começou a CPI do Apagão Aéreo da Câmara, o relator Marco Maia (PT-RS), admitiu nesta quarta-feira (18) que a comissão de inquérito tem de ampliar as investigações e averiguar as obras feitas nas pistas do aeroporto de Congonhas pela Infraero – estatal responsável pela administração dos aeroportos.

"Vamos ter de investigar o acidente com o avião da TAM, mas também suas conexões, como as obras em Congonhas", afirmou o petista, antes de embarcar para São Paulo e reunir-se com integrantes da CPI do Apagão Aéreo. "Mas não podemos ser precipitados nas análises sobre o acidente. Temos de esperar as investigações e as informações da caixa preta do Airbus", observou Maia. Os aliados do Palácio do Planalto na CPI da Câmara empenharam-se, nos últimos dois meses, em centrar as apurações apenas no acidente entre o Boeing da Gol e o jato Legacy, em 29 de setembro de 2006, quando morreram 154 pessoas. A CPI da Câmara não avançou nada em relação a irregularidades e desvio de verbas de obras da Infraero.

Cobranças

O tom das cobranças em relação ao governo foi dado logo pela manhã, em nota, divulgada pelo líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM). "Até quando? Esperar a próxima mortandade? Ou enfrentar a crise do setor aéreo com caráter, coragem e competência? Inventar culpados? Tirar o corpo fora? Assumir o desgoverno? O presidente Lula precisa agir e não falar. Ou seu período se marcará pelo sofrimento e pela dor de tantos brasileiros que poderiam estar vivos, lutando, sofrendo, sorrindo e construindo um Brasil mais justo", cobrou o tucano.

O PSOL também responsabilizou o governo pelo acidente. "A desgraça anunciada de Congonhas decorre de uma irresponsável parceria público-privada: órgãos federais omissos, como Infraero Anac e Aeronáutica, mais voltados para os mega-negócios dos aeroshoppings e o enquadramento militar dos controladores de vôo do que para a segurança das pistas e dos vôos, e empresas aéreas gananciosas, que sacrificam suas tripulações e equipamentos", afirmaram os deputados do PSOL Luciana Genro (RS) e Ivan Valente (SP).

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