Reforma do Ministério assanha aliados de Lula

Brasília – A reforma ministerial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prevista para o final do ano, quando começam as campanhas municipais, já está agitando o cenário político nacional e levando aliados a buscar nomes, além da oposição a centrar suas críticas na equipe do governo. Depois do apoio que deu durante a votação da reforma da Previdência, quando foi vital para a vitória do governo, o PMDB espera agora a contrapartida com a indicação de nomes do partido para o primeiro escalão da administração.

Se os aliados do governo estão de olho gordo na reforma ministerial, na oposição, o chamado “ministério dos amigos derrotados” tem feito o prato cheio das críticas tanto do PFL como do PSDB, que cobram uma função dos “ministros companheiros”. Ao tomar posse, o presidente Lula inchou a Esplanada dos Ministérios, elevando de 28 para 36 o número de pessoas com status de ministro no governo. Em muitos casos, a sobreposição das funções já era criticada desde o início do ano.

A oposição quer saber: o que andam fazendo os ministros e secretários com status de ministros, como Benedita da Silva, do Desenvolvimento Social, Emília Fernandes da Secretaria da Mulher, Tarso Genro do Desenvolvimento Econômico e Social, José Fristch, Secretário da Pesca e Olívio Dutra, ministro das Cidades.

Para o líder do PFL na Câmara, deputado José Carlos Aleluia (BA), a reforma ministerial é a oportunidade de o governo corrigir o erro de ter acomodado os “derrotados” nas últimas eleições. Para integrantes do governo, ela também é a oportunidade ideal do Executivo apostar mais na eficiência e qualidade e menos na amizade. De acordo com os principais interlocutores da base aliada, o presidente Lula reconhece que o “seu ministério engordou com muitos amigos”, mas que o problema maior não é a quantidade de cargos ocupados, mas a falta de recursos para cada pasta.

Segundo o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), é falsa a informação de que seu partido esteja pleiteando um cargo no novo ministério. Ele afirma que em reuniões da bancada já ficou claro que este não é o momento ideal para se discutir a participação do PMDB no primeiro escalão porque poderia “parecer um toma lá, dá cá” em troca da aprovação das reformas tributária e previdenciária. O partido também não quer só um ministério para ocupar cargos, afirmou Renan. O PMDB quer uma pasta de peso e com recursos para implementar suas propostas e auxiliar o governo.

O presidente nacional do PMDB, Michel Temer, já não é tão diplomático. Ele disse ontem que seu partido quer ser contemplado na reforma ministerial que o governo já começa a discutir. “A integração definitiva do PMDB no governo se dará realmente com a participação no núcleo do poder. E essa participação se dará pela entrega de ministério”, reiterou Temer.

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