Rebelião em presídio do Rio “foi uma tragédia”

Brasília – O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou que “foi uma tragédia” a morte de 30 presos e um agente penitenciário em rebelião na Casa de Custódia Benfica, na zona norte do Rio. “Suscita toda a nossa compaixão, nossa solidariedade às famílias das vítimas”, disse o ministro, que ontem participou em Fortaleza de um encontro de ministros da Justiça de países ibero-americanos.

Ao ser perguntado sobre o que o governo federal faria diante da tragédia do Rio, Márcio Thomaz Bastos afirmou: “Eu tenho dito e vou repetir aqui. Não existe um tiro de canhão, não existe uma medida que reconstrua o sistema penitenciário brasileiro. Ele é resultado de muitos erros, de muitos casos. E o que existe são muitas medidas a serem tomadas”.

Para ele, é preciso construir novos presídios, com racionalização e informatização do sistema, e implantar uma cultura de penas alternativas – de modo a não ter na cadeia quem não precisa estar preso. “O endurecimento em relação àqueles presos fisicamente violentos e chefes de quadrilhas que precisam ser isolados de suas quadrilhas. Uma série de providências que o governo federal está procurando induzir aos governos estaduais com clima de parceria, de cooperação. É isso que tem que ser feito”.

A Secretaria de Administração Penitenciária do Rio confirmou ontem que 30 presos foram assassinados, dois deles esquartejados, e outros 15 feridos durante a rebelião na Casa de Custódia de Benfica, na zona norte do Rio. Foi a maior matança já vista no sistema carcerário do Rio. A rebelião durou 62 horas – começou às 6 horas do sábado e terminou por volta das 20h30 de anteontem. Dos 14 internos que fugiram no sábado, dez ainda estão foragidos. No domingo, o agente Marco Antônio Borgatte, um dos reféns, foi executado pelos presos.

Segundo o IML, foram encaminhados, além dos 30 corpos, duas cabeças e dois braços de internos. Para acelerar a identificação, os corpos foram levados para quatro unidades do instituto. No entanto, a falta de documentos dificultou o trabalho e, até o início da noite, poucos nomes foram revelados, aumentando a angústia dos parentes que esperavam notícias.

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