Quadrilha clonava cartões e tinha ajuda de policiais

Ituverava, MG (AE) – Com 51 mandados de busca e apreensão e 31 prisões, a Polícia Federal (PF) desmantelou ontem uma quadrilha especializada em fraudes que utilizava a clonagem de cartões bancários e explorava clandestinamente serviços de telecomunicações. O bando agia há dois anos, principalmente na região do Triângulo Mineiro, causando um prejuízo estimado até agora em R$ 5,5 milhões somente em Minas Gerais. Cinco policiais civis, integrantes da quadrilha, foram presos em Uberaba e Frutal, em MG.

A operação da PF, batizada de "Piraíba" (um peixe de grande porte da região amazônica difícil de ser pescado), teve início há seis meses e contou com a participação de 250 policiais federais e 10 policiais civis de Minas Gerais. Os mandados de busca e apreensão e prisão foram cumpridos simultaneamente em Uberaba, Brasília, São José dos Campos (SP), Fortaleza e Recife. A Caixa Econômica Federal foi o banco com mais casos de clonagem.

A sede da quadrilha era na cidade de Uberaba, onde os policiais Osmar Manoel Guedes, Evaldo José de Souza, Jenner Silveira Jaculi, César Eduardo Santiago e Ronaldo garantiam a impunidade dos golpistas e, algumas vezes, agiam diretamente nas fraudes, efetuando saques ilegais. A PF apurou que os policiais presos também cometiam crimes como corrupção, extorsão, prevaricação, tráfico de armas e drogas, roubo de cargas e homicídios.

Segundo o delegado da Polícia Federal de Uberaba, Márcio Valério de Souza, a quadrilha não tinha um líder. "Todos agiam de forma igual". Segundo ele, na residência dos policiais foram apreendidas armas de fogo não registradas, equipamentos e apetrechos para confecção de munição, aparelhos de televisão de plasma, carros de luxo e até uma lancha. "Esses bens devem ter sido adquiridos com dinheiro retirado ilegalmente de contas que tiveram os cartões clonados", concluiu.

Ação

Os bandidos agiam instalando nos caixas eletrônicos equipamentos conhecidos como "chupa-cabras", fabricados em Brasília e no Recife, que copiavam e armazenavam o número da conta corrente e a senha do cliente. Em outro esquema, um dispositivo era instalado sobre a leitora do caixa de auto-atendimento, conhecido como "luva" que copiava apenas o número da conta corrente. A senha era obtida através de uma pessoa, o olheiro, ou pela instalação de microcâmeras escondidas nas carenagens das máquinas que mandavam as imagens para um monitor próximo da agência bancária.

A PF também investiga a participação de bancários no esquema. Eles vendiam ao bando informações dos correntistas e suas senhas. Os policiais civis de Uberaba e Frutal envolvidos no caso serão transferidos para um presídio da Polícia Civil em Belo Horizonte e deverão ser expulsos da corporação.

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