PT vive clima de “caça às bruxas”

Brasília – Um dos 14 deputados petistas que assinaram a CPI mista dos Correios, Chico Alencar (RJ) reagiu indignado, ontem, às declarações do ministro da Casa Civil, José Dirceu, que defendeu que os parlamentares que assinaram o requerimento deixassem o partido e fossem para a oposição.

Chico Alencar pediu que o ministro se dedique a governar e não contrate mais assessores como Waldomiro Diniz, suspeito de facilitar a renovação de um contrato da Caixa Econômica Federal com a multinacional Gtech. Alencar disse ainda que colocá-los como alvo é mais um erro político do governo e do PT, pois a opinião pública entenderá como uma forma de desvio do foco principal, que é o combate à corrupção.

"Quem é o José Dirceu para nos convidar a deixar o PT? A gente dispensa o convite dele para deixar o PT. Dentro do partido ele tem a mesma autoridade que nós temos, e não o estamos  convidando a deixar o PT. Que ele governe e pare de contratar assessores, como o Waldomiro, que nos deu, ao PT e ao governo, um enorme desgaste e trabalho. Ele foi muito deselegante e desrespeitoso. Um chefe da Casa Civil deve agir com mais dignidade", disse Chico Alencar.

O senador Cristovam Buarque (PT-DF) também bombardeou José Dirceu. Ele responsabilizou o ministro pela nomeação de Maurício Marinho para a chefia do departamento de contratação e administração de material dos Correios. Em discurso na tribuna do Senado e em declarações dadas à imprensa, Cristovam disse que todas as nomeações passam pela Casa Civil, que é encarregada de fazer um filtro das indicações. Segundo ele, esse filtro não estaria funcionando ou teria ficado tolerante com a corrupção.

"Culpo Dirceu pela nomeação. Se alguém está cometendo erros é o Dirceu. Se alguém deve ser responsabilizado é o José Dirceu. Pelo filtro da Casa Civil passaram pessoas erradas. Ou o filtro da Casa Civil ficou incompetente ou tolerante de passar corrupção", afirmou.

Cristovam, que não assinou a CPI, disse que, se houver punição para os 14 deputados que assinaram o requerimento, além do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), ele também vai se sentir atingido pela punição. Caso os parlamentares sejam expulsos, Cristovam disse que deixa o PT. "Se houver punição, eu saio junto, vou embora. Eu entrego a presidência da Comissão de Relações Exteriores e vou embora", afirmou.

Cristovam afirmou que só não assinou a CPI porque acatou a decisão da bancada e observou que Suplicy errou ao não seguir a orientação do partido. Mas voltou a criticar Dirceu por ter dito que Suplicy era "estranho". "Estranho é o ministro que diz isso. Suplicy é um do políticos mais prestigiados no PT. Eu discordo do Suplicy porque ele assinou a CPI. Ele errou politicamente", afirmou.

Cristovam disse ainda que o PT está errando ao tentar evitar a CPI. Segundo ele, o governo do PT está perdendo a batalha de credibilidade na opinião pública. O senador disse ainda que quando era ministro da Educação indicou uma pessoa para um cargo e ela foi barrada porque tinha passado um cheque sem fundo. Ou seja, na época o filtro funcionava. 

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