PSDB e PPS querem ser o novo PT

Rio – O PPS e o PSDB reuniram ontem dois governadores tucanos e cerca de cem políticos e militantes num seminário que tinha o objetivo de discutir uma nova agenda para a esquerda brasileira. Foi o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), porém, quem resumiu a intenção dos dois partidos: ocupar o espaço deixado pelo PT e fazer planos para o médio prazo. “O atual governo tem a necessidade e está até assustado por ter de apresentar resultados. Os que estão no poder, por isso, abdicaram de pensar a médio prazo. Talvez, esse seja um espaço aberto para nós”, disse, em discurso no encerramento do 1.º Colóquio entre Socialistas e Social-Democratas, realizado hoje no Hotel Intercontinental, zona sul do Rio.

Neves deixou clara a intenção dos tucanos de abrir o diálogo com o PT no futuro. “Num segundo momento, o PT pode estar sentado à mesma mesa que o PPS e o PSDB. Este não é um ato contra o governo”, afirmou. Ele disse que o PSDB não fará a mesma oposição que o PT fez ao governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “O PSDB não vai trabalhar para inviabilizar o governo”, declarou.

Já o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), que foi ministro do Desenvolvimento Agrário na gestão de Fernando Henrique, foi muito claro ao dizer que a esquerda busca uma forma de não ser engolida pela administração federal petista. “Quem diz ?amém? e ?sim, sr.? a qualquer governo perde identidade, vira um xerox. A tendência da esquerda é desaparecer ou ficar dependente do governo. O PPS está no governo, mas não se esgota nisso. O projeto do PT não é o do PPS”, disse.

A direção nacional do partido tem divergência com o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, também integrante da legenda. Ciro considerou o congresso conjunto um “delírio” e “esquizofrenia”, por entender que seria um encontro para atacar o governo Lula. “Temos um projeto de poder partidário. Ciro tem um projeto de poder pessoal. A divergência está centrada nisso”, resumiu Jungmann.

A reunião durou todo o dia de ontem e teve três mesas redondas com cientistas políticos e economistas. No fim, os presidentes nacionais do PSDB, José Aníbal, e do PPS, deputado Roberto Freire (PE), divulgaram uma nota conjunta intitulada “O Brasil é de Todos”.

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