Procurador quer lista de 35 mil envolvidos em lavagem de dinheiro

O procurador Antônio Celso Três, do Ministério Público Federal (MPF) em Brasília, afirmou ontem (12) que vai requisitar a lista com os cerca de 35 mil nomes de pessoas e empresas envolvidas com remessas ilegais para os Estados Unidos de R$ 12 bilhões, entre os anos de 1996 e 1997, na maior operação de lavagem de dinheiro já investigada no Brasil. A base da operação era a região de Foz do Iguaçu (PR), na fronteira com o Paraguai, e a lista com os 35 mil nomes só foi obtida no início deste ano, depois que as autoridades norte-americanas flexibilizaram o acesso às informações sobre lavagem de dinheiro por causa dos atentados de 11 de setembro.

O conteúdo da lista, segundo o próprio promotor, é explosivo. Ela é integrada pelos nomes de políticos famosos, grandes empresários e altos funcionários públicos. O procurador Três teme que já se tenha iniciado nos bastidores um jogo de pressões para impedir sua divulgação.

O delegado da Polícia Federal José Castilhos, que conseguiu a lista, foi afastado do caso logo depois. Ele sofre um processo administrativo, acusado entre outras coisas de não ter desempenhado como deveria suas investigações. ?As acusações feitas contra ele são, no mínimo, estranhas. Em quase cinco anos de investigações da Polícia Federal, envolvendo inúmeros delegados, Castilhos foi um dos poucos que conseguiram informações realmente concretas e importantes?, defende Três.

Castilhos utilizou expedientes simples para obter a lista. Todos os 35 mil nomes referem-se a pessoas que enviaram dinheiro, por meio de esquema montado por doleiros, para a agência do Banco do Povo do Paraná (Banestado) em Nova York. Em 2000, o Banesta do foi privatizado e comprado pelo Itaú. Castilhos obteve, logo depois, autorização da diretoria do Itaú para investigar as operações realizadas pela agência de Nova York.

Mas só a partir do fim do ano passado, depois dos atentados de 11 de setembro em Nova York, Castilhos passou a contar também com apoio das autoridades norte-americanas. Parte dos envolvidos eram cidadãos de origem árabe, que viviam na região da fronteira, e o dinheiro lavado por eles poderia ter ligação com o terrorismo, argumentou o delegado.

A lista encontra-se em fase final de elaboração, em poder da Polícia Federal. Três vai requisitá-la assim que estiver concluída. O procurador, que trabalhava na cidade de Cascavel, vizinha a Foz do Iguaçu, foi responsável pelas primeiras investigações que resultaram na descoberta da operação de lavagem de dinheiro. Há dois anos, ele foi transferido para a cidade de Caxias (RS) e, em março, para Brasília. ?Por uma destas voltas do destino, o processo iniciado por mim em Cascavel voltou agora para minhas mãos?, afirmou.

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