Presidente do TST acusa Lula de estelionato

Brasília – O presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), Francisco Fausto, disse, em entrevista ao jornal Tribuna do Norte, de Natal (RN), ter sido vítima de “estelionato eleitoral” do presidente Lula. “Eu votei nele. Esperava que fizesse as reformas. Mas de maneira que não atingisse o direito adquirido das pessoas. Se me dissessem na campanha política: “Lula fará a reforma da Previdência para retirar direitos dos juízes”, eu não votaria nele. Então, eu fui vítima de um estelionato eleitoral”, disse

Francisco Fausto criticou também a estrutura da reforma da Previdência e o argumento do governo em querer fazer “justiça social”. “O governo quer fazer justiça social atingindo os inativos? Por que o presidente da República quer um procurador recebendo vencimentos iguais a de um cortador de cana? Por que ele não passa a ganhar igual a um cortador de cana? Os juízes constituem uma carreira típica de Estado. Se for fazer tudo igual para todos, por que não para os militares também?”, declarou.

Para o presidente do TST, as mudanças nas regras das aposentadorias atendem a interesses do FMI e do Banco Mundial. “Todo mundo sabe que esse projeto de reforma nasceu por imposição do FMI, do Banco Mundial, enfim desses organismos internacionais que há muito tempo controlam a economia brasileira. Não tenham dúvida de que o projeto surgiu daí”, disse.

Fausto conclui afirmando que a projeção do presidente Lula é fugaz e que ele se esmera no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “[Lula] Fica fazendo o papel de PT com cara de Fernando Henrique Cardoso. O prestígio internacional que ele acha que tem é efêmero. No dia que deixar a Presidência da República, volta a ter o prestígio de um ex-presidente ou menos do que isso”, afirmou.

Mas se um alto representante do Juduciário faz críticas a Lula, representantes do governo também criticam o Judiciário. Ontem o professor Luizinho (PT-SP) disse que o “Judiciário tem que ver o sentimento do Brasil. O Brasil se levantou em relação à proposta da magistratura sobre a integralidade e a paridade para os futuros servidores”, aponta o vice-líder do governo na Câmara. Ele comentou a possibilidade de a Justiça barrar a reforma da Previdência se ela for aprovada pelo Congresso.

Ele destacou ainda que não houve em nenhum momento recuo por parte do governo e ressaltou que é preciso ouvir a manifestação da sociedade, que protestou contra a proposta feita pelo Judiciário, pedindo aposentadoria integral e paridade para os atuais e futuros servidores públicos. “A sociedade como um todo protestou contra a proposta feita pela Magistratura, sugerindo a aposentadoria integral e paridade para os atuais e futuros servidores”.

O relatório final da comissão especial, no entanto, será fechado só depois das reuniões com os governadores, representantes sindicais e com o PFL, que acontecerão hoje.

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