Políticos, corrupção, segurança e racismo são o que mais envergonham jovens

Brasília – Os políticos e a corrupção são os fatores que mais envergonham os jovens brasileiros, segundo a pesquisa Adolescentes e jovens do Brasil: participação social e política, divulgada nesta quarta-feira (28), durante a reunião do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve).

O estudo – realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em parceria com o Instituto Ayrton Senna e a Fundação Itaú Social – foi feito com mais de 3 mil adolescentes e jovens com idade entre 15 e 19 anos e revela a perspectiva da juventude sobre o país.

São adolescentes e jovens moradores de capitais e do interior de todas as regiões do país. Também foram ouvidos 210 indígenas de mesma faixa etária, que residem em 15 municípios brasileiros.

Segundo o Unicef, a pesquisa permite avaliar o acesso dessa faixa da população a direitos básicos, as expectativas em relação ao governo, família, comunidade e a disposição dos jovens em colaborar para as transformações sociais.

Além dos políticos e da corrupção, a situação de segurança pública foi apontada por 20% dos entrevistados como vergonhosa para o país.

Para outros 17%, o racismo e a discriminação racial aparecem como responsáveis pelos problemas sociais brasileiros.

Os fatores que representam motivo de orgulho para o país são as belezas naturais (15%) e o futebol brasileiro (10%).

A grande surpresa, de acordo com o Unicef, foi o surgimento da consciência entre os jovens de que o Brasil é um país racista e de que é preciso fazer algo para superar a situação.

?A discriminação racial chamou a atenção porque era um tema que se escondia na pretensa democracia racial tão falada no nosso país. Os jovens se sentem discriminados por serem negros, por serem índios, por serem pobres, por não terem escolaridade?, disse o coordenador do Programa Cidadania dos Adolescentes do Unicef no Brasil, Mário Volpi.

Na avaliação dele, há no país uma geração com consciência crítica mais aguçada, com desejo de participar, mas que depende que a sociedade crie os espaços de participação e garanta uma sociedade mais igualitária e justa.

Para a coordenadora da área de juventude do Instituto Ayrton Senna, Simone André, a divulgação da pesquisa é um momento oportuno para que o Conjuve encontre formas de qualificação para a participação juvenil na sociedade.

Segundo ela, educação, trabalho e tempo livre são os três pilares para políticas de juventude no país.

O vice-presidente do Conselho Nacional de Juventude, Danilo Moreira, avalia que a pesquisa mostra ao governo como aprimorar políticas públicas já em andamento a partir dos canais de diálogo com os jovens.

?O momento permite que a gente sonhe e, ao mesmo tempo, realize parcialmente alguns dos nossos desejos, o que não vai acontecer sem a participação plena da juventude brasileira?.

O secretário nacional da juventude, Beto Cuty, vai além, ao afirmar que o Brasil está começando a enxergar a juventude não apenas como uma transição da adolescência para a vida adulta, mas como um segmento social.

?O jovem como um sujeito com direitos, agente fundamental de qualquer projeto de desenvolvimento do país?.

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