São Paulo – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou na noite da terça-feira a política internacional do atual governo dizendo que o empenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os países mais pobres é apenas ?para inglês ver?. Segundo ele, o Brasil tem como único objetivo na esfera internacional conquistar assento no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Em palestra numa universidade particular de São Paulo, Fernando Henrique Cardoso foi enfático:
?O objetivo do governo atual é uma luta por uma cadeira no Conselho de Segurança. Esta é que é a linha fundamental (desse governo)?, disse o ex-presidente, que disparou ataques ainda à relação do Brasil com o mercado externo. ?O presidente Lula vai à África e diz que é para vender mais, mas não é. Até porque não tem quem compre. As viagens são para criar simpatia para o Brasil. A mesma coisa com a liga árabe. A linha é mais política do que econômica.?
A cerca de 300 pessoas, o ex-presidente disse também que dificilmente as reformas tributária e sindical serão aprovadas no Congresso, por conta do atual sistema político. Para ele, há distorções no sistema tributário que não fazem com que ela avance. Enquanto o governo criou contribuições, estados e municípios só se garantem pelo ICMS e pelo fundo de participação.
Ladroeira
Depois de participar de encontro com a bancada do Nordeste na Câmara, o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, acusou ontem a oposição de tentar provar que o PT e o governo Lula são iguais ao governo passado. Sem papas na língua, Ciro disse que o presidente Lula comanda um governo ético, que tenta combater os efeitos deixados por um ?governo entreguista? e ?contemporizador com a ladroeira?.
?Querem provar que o PT é igual a eles, que o governo é igual a eles, não é, é diferente. Esses e aqueles que estão chafurdando na lama. Esse é um governo nacional contra um governo entreguista, um governo ético contra um governo contemporizador com a ladroeira?, disse.
Ciro disse que o governo já tomou as providências para apurar as denúncias de corrupção nos Correios, mas afirmou que cabe ao Parlamento decidir se é necessária a abertura de uma CPI. Segundo ele, antes de as denúncias se tornarem públicas, Lula determinou que a Polícia Federal abrisse inquérito para investigar e pediu empenho da Procuradoria-Geral da República.