Polícia Federal pede quebra de sigilo de 30 na Operação Taturana

A Polícia Federal de Alagoas vai pedir a quebra de sigilo bancário de 30 acusados de envolvimento no desvio dos mais de R$ 280 milhões da Assembléia Legislativa do Estado. O pedido será feito nesta quinta-feira (17) pelo delegado Janderlyer Gomes ao desembargador federal Manoel Erhardt, da 5ª Região da Justiça Federal, em Recife (PE). O delegado da PF, que preside o inquérito sobre a Operação Taturana, disse que decidiu solicitar a quebra do sigilo bancário dos suspeitos depois do depoimento da ex-gerente do Banco Rural Sandra Arcanjo.

Segundo o delegado, entre 2003 e 2005, Sandra Arcanjo, atual secretária Assistência Social da Prefeitura de Maceió, gerenciou as contas dos 27 deputados estaduais, na agência do Banco Rural, no bairro do Farol. Trata-se da mesma agência bancária usada por Paulo César Farias, tesoureiro do ex-presidente Fernando Collor, assassinado em junho de 1996, para movimentar contas "fantasmas". Em depoimento à PF, a gerente revelou que os deputados contraíram empréstimos usando a Assembléia como avalista e a verba de gabinete como se fizesse parte da renda mensal deles.

Diante das informações, o delegado disse que precisa da quebra do sigilo bancário para comprovar as transações irregulares, que implicam em crimes contra o sistema financeiro. Segundo fontes de dentro da PF, entre os suspeitos estaria o prefeito de Maceió Cícero Almeida (PP), que quando era deputado estadual, entre 2003 e 2005, teria contraído empréstimo irregular no Banco Rural. O nome dele foi citado no depoimento da ex-gerente de banco, Sandra Arcanjo. Por isso, o delegado já confirmou que terá que convocá-lo para depor.

Janderlyer quer que o prefeito esclareça os termos do suposto empréstimo que teria contraído no Banco Rural, quando era deputado estadual. A assessoria de Cícero Almeida disse que ele só deve se pronunciar sobre o caso depois que for oficialmente intimado para prestar depoimento à PF. Além dele, outros ex-deputados estaduais e parlamentares da atual legislatura teriam contraído empréstimos irregulares. Ao todo, doze dos 27 deputados estaduais de Alagoas já estão indiciados pela PF, no inquérito da Operação Taturana, que apura o rombo de R$ 280 milhões nos cofres do legislativo alagoano.

O deputado Paulo Fernando dos Santos (PT), o Paulão, também será convocado para prestar depoimento à PF, para esclarecer os R$ 224 mil em empréstimos contraídos no Banco Rural, supostamente com o aval da Assembléia. Paulão confirma que contraiu os empréstimos, mas que pagou as parcelas com dinheiro seu, ganho licitamente. O deputado estadual Judson Cabral (PT) disse que "Paulão não pode ser jogado na mesma vala comum dos deputados taturanas". "Ele contraiu empréstimos, mas até prove em contrário, de forma legal e pagou com dinheiro dele", garantiu Cabral.

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