Para diretor, problemas de hospitais universitários são gestão e financiamento

Os principais problemas enfrentados pelos hospitais universitários e de ensino são o financiamento e a gestão, disse o diretor do Departamento de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, Alberto Beltrame.

Ele reconheceu que falta dinheiro para esses hospitais. ?Especialmente se formos considerar que esses são hospitais que têm um custo maior do que os hospitais que não trabalham com a área de ensino e pesquisa?.

No que diz respeito à gestão, Beltrame afirmou que falta capacitação dos gestores das unidades hospitalares ligadas a universidades. ?Se improvisa muito na gestão hospitalar?, disse, em entrevista. Para ele, isso prejudica a eficiência do trabalho administrativo e também o atendimento ao público.

No entanto, o diretor afirmou que o Programa de Reestruturação dos Hospitais Universitários, do governo federal, já tem dados resultados positivos, depois de cerca de três anos de aplicação efetiva das novas medidas. ?Hoje já é um sucesso, porque essa política propõe uma nova forma de relação dos gestores do SUS [o Sistema Único de Saúde], as secretarias estaduais e municipais, com esses hospitais; uma relação que antes era puramente baseada na compra de serviços passa a ser uma relação muito mais intensa e muito mais próxima, porque envolve a definição de metas, estabelecidas num contrato?.

Além de estabelecer metas, tanto quantitativas quanto qualitativas para os serviços prestados pelos hospitais de ensino, o programa também muda o financiamento, que passa a depender do cumprimento dessas metas.

?Existem indicadores já de melhorias significativas em alguns hospitais, seja na qualidade da própria gestão, seja na ampliação da sua capacidade de produção, ou na melhoria dos seus resultados econômicos?, destacou Beltrame, que apresentou, nessa terça-feira (3) o programa no Seminário sobre Estratégias e Sistemas de Monitoramento e Apoio às Reformas Hospitalares. O encontro é realizado em Brasília, na sede da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).

Atualmente, há no Brasil 150 unidades hospitalares de ensino. O número representa cerca de 2,4% da rede do SUS, 7,32% dos leitos e quase 19% das unidades de Tratamento Intensivo (UTIs).

?A importância desses hospitais de ensino não é tanto pelo número em si, nem pelo percentual de leitos que eles têm da rede, mas pelo volume e pela importância estratégica dos serviços que prestam, além das questões relacionadas ao ensino propriamente, que é extremamente importante, da pesquisa, eles são estratégicos do ponto de vista assistencial?, completou o diretor.

Em relação a volume de serviços, os hospitais universitários respondem por cerca de 43% dos procedimentos de alta complexidade. Quando o tema é transplante de pulmão, essas unidades chegam a responder por 97% dos procedimentos, segundo Alberto Beltrame.

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