Pai denuncia e PF prende ?traficantes das baladas?

Rio (AE) – A maior quadrilha de traficantes de drogas sintéticas do Rio, especializada na venda de LSD e ecstasy, foi desmantelada ontem numa operação da Polícia Federal, resultado de cinco meses de investigações. Doze pessoas foram presas: no Rio, em Curitiba e em Poços de Caldas (MG). Os cariocas são de classe média alta, moradores de prédios luxuosos de bairros nobres como Leblon, Copacabana, São Conrado, Barra da Tijuca e Recreio – a maioria, jovens.

O bando agia da seguinte forma: comprava cocaína em Goiás e em São Paulo, viajava com a droga até a Holanda, grande centro fabricante de drogas sintéticas, e lá trocava pó por pílulas de ecstasy e pontos (unidades) de LSD. Com um quilo de cocaína, obtinha dez mil pontos de LSD. O entorpecente voltava ao País, passando por Paris ou Lisboa. Entrava pelos dois principais aeroportos internacionais brasileiros, Guarulhos, em São Paulo, e Tom Jobim, no Rio. Na ida e na volta, era escondido em bagagens.

A venda era feita em festas raves, condomínios e boates, na zona sul e na Barra da Tijuca, e em sites de relacionamento na internet, como o orkut. O negócio era extremamente lucrativo: cada ponto de LSD sai a R$ 60; a pílula de ecstasy, a R$ 50. O bando lavava o dinheiro das drogas em um salão de beleza em uma loja de produtos eletrônicos na Barra da Tijuca. Todos os imóveis e contas bancárias dos investigados foram bloqueados pela Justiça. A quadrilha possui um patrimônio estimado em aproximadamente R$ 5 milhões.

As investigações da Operação Tsunami da Polícia Federal para desarticular a quadrilha tiveram início em 27 de junho, após a denúncia de um pai. Ele ficou inconformado com a atuação de traficantes que agiam impunemente no bairro da Barra da Tijuca, no Rio, aliciando e viciando jovens da classe média alta naquela área. Noventa policiais federais cumpriram os mandados de prisão temporária. Outros 14 mandados de busca e apreensão também acontecem na capital paranaense e nos bairros cariocas de Copacabana, Leblon, São Conrado, Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes.

Entre os presos, surpreendidos em casa por volta das 6 horas, estavam financiadores, distribuidores, ?mulas? (pessoas que ganham para transportar drogas) e aliciadores de ?mulas?. Os policiais os detiveram em suas residências, em edifícios de luxo – para o espanto das famílias, que desconheciam suas atividades ilícitas, e de vizinhos. Com média de idade de 26 anos, eles foram encaminhados para o presídio Ary Franco. Responderão por tráfico internacional de drogas e associação para o tráfico, crimes punidos com 5 a 20 anos de prisão. O fato de alguns deles residirem na orla carioca fez com que a operação da PF recebesse o nome de Tsunami. 

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