Osmar Serraglio afirma que CPI não terminará em pizza

Agência Senado

Serraglio: "Não vai ser acordo
que vai acabar com crime".

Brasília – O relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), descartou ontem a possibilidade de a comissão terminar em pizza, mesmo que nenhum deputado tenha o mandato cassado pelo Conselho de Ética da Câmara. Segundo ele, a CPI está trabalhando de forma séria e não tem nenhuma relação com um eventual acordo para inocentar os investigados. "Não tem como acabar em pizza. Mesmo que eventualmente no Conselho de Ética não tenha cassação, isso não afasta a corrupção. Estamos investigando coisas que independem de acordão. Não vai ser acordo que vai acabar com crime. Crime é responsabilização no fórum", afirmou.

Indagado se um acordão prejudaria ainda mais a imagem da Câmara, Serraglio respondeu: "Acho sim. E tenho convicção de que a CPI não tem nada a ver com isso". Na quinta-feira, parlamentares de diversos partidos confirmaram a negociação iniciada pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto (SP), para tentar evitar a cassação de deputados do PL e do PTB. A tentativa de acordo, que repercutiu mal na Câmara, prevê que o presidente do PL retire a representação contra o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), evitando a sua cassação, e em troca o petebista não represente contra parlamentares do PL.

O deputado federal Jairo Carneiro (PFL-BA), relator do processo contra Jefferson, divulgou nota nesta sexta-feira rebatendo as especulações de um possível acordo. O relator classifica de "imoralidade" a eventual interrupção da apuração do escândalo do mensalão e afirma que a população exige um veredicto sobre o caso. A assessoria do Conselho de Ética disse ter entrado em contato com advogados de Jefferson e informou que o petebista havia recusado qualquer possibilidade de acordo.

O presidente nacional do PT, Tarso Genro, disse também nesta sexta que é contrário a qualquer acordo para evitar cassações de mandatos de parlamentares envolvidos no mensalão. Tarso enfatizou que o acordo que deve ser feito neste momento é o que garanta a votação de projetos no Congresso: "Acordos só para uma agenda de votação no Congresso. Acordo para reduzir investigações não é conosco. Queremos que se aprofundem todas as investigações que estão sendo feitas e os culpados sejam responsabilizados, sejam eles quais forem e que nós, inclusive, aprofundemos ainda mais essas investigações".

Tarso disse ainda que considera natural a iniciativa do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Nelson Jobim, de procurar partidos da base aliada e da oposição para discutir saídas para a crise política e garantir a governabilidade. "Achamos natural que o presidente do Supremo tenha essa preocupação (com a governabilidade), como guardião do tribunal, que é o guardião da Constituição. Agora, de nós não sairá nenhuma proposta de acordo e não compartilharemos de nenhum acordo que signifique tolerância, redução da capacidade punitiva, tolerância com a cultura de conciliação em relação a erros, ilegalidades ou até mesmo corrupção sistêmica no Estado", afirmou.

O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), confirmou que o PL fez uma consulta informal sobre a possibilidade de retirar a representação e sustar o processo contra Jefferson em andamento no Conselho de Ética desde o mês passado. 

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