Oposição e Planalto brigam pelo comando da Câmara

  Agência Estado
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Ciro Nogueira: herdeiro de Severino esperava votos do baixo clero.

Brasília – A Mesa da Câmara decidiu ontem que o primeiro turno da eleição do sucessor de Severino Cavalcanti será realizado às 10h da próxima quarta-feira. O quórum de abertura da sessão que escolherá o novo presidente da Casa é de 257 deputados. Para ser eleito, tradicionalmente, o candidato precisa de maioria absoluta, ou seja, pelo menos 257 votos da Câmara, que tem 513 deputados.

Se ninguém conseguir essa votação, haverá o segundo turno, previsto para 18h do mesmo dia. Para o segundo turno, é exigida maioria simples: a metade mais um dos deputados presentes. A direção da Casa também decidiu que o presidente interino, José Thomaz Nonô (PFL-AL) e outros integrantes da Mesa, como Ciro Nogueira (PP-PI), poderão ser candidatos sem renunciar ao cargo atual. A decisão fez com que o deputado Francisco Dornelles (PP-RJ) desistisse nesta quinta-feira de sua candidatura à presidência da Câmara em favor da candidatura do corregedor da Câmara.

Segundo Ciro, que teve uma reunião com Dornelles, o deputado fluminense disse que só manteria sua candidatura se fosse um nome de consenso e tivesse chances reais de vencer. Dornelles teria concluído que Ciro tem mais chance de vitória porque pode colher os votos dados pelo baixo clero ao ex-presidente Severino Cavalcanti, que teve no corregedor um de seus maiores aliados. "A divisão do partido em dois candidatos só atrapalharia, até porque haverá muitos candidatos. O desafio é chegar no segundo turno. O Dornelles veio aqui hoje e me liberou para começar a pedir voto", disse Ciro Nogueira. Há outros candidatos na disputa, entre eles o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), apresentado quarta-feira à noite pelo PT. Mas ainda é preciso convencer o PSB e o PCdoB, que defendem um candidato de outro partido da base alegando que haveria possibilidade maior de vitória. O líder do PTB, José Múcio Monteiro (PE), já avisou que teria dificuldade de convencer os petebistas a votarem num petista no primeiro turno e afirmou que a candidatura de Luiz Antônio Fleury (PTB-SP) é para valer.

Os partidos de oposição, PSDB e PFL, já contando com o apoio do PPS, do PDT e do PV, iniciaram os primeiros movimentos para atrair o PMDB para a candidatura de Nonô. Os líderes do PSDB, Alberto Goldman (SP), e do PFL, Rodrigo Maia (RJ), decidiram oferecer ao partido a primeira vice-presidência, cargo que ficará vago se o pefelista for eleito presidente. Na quarta-feira, os governadores de Minas, Aécio Neves, e de São Paulo, Geraldo Alckmin, apoiaram a aliança estratégica com o PFL, mas ponderaram que o PSDB não deve fechar as portas a outras alternativas como Michel Temer, que está irritado com tucanos e pefelistas, pois foram eles que insuflaram sua candidatura e depois adotaram a de Nonô.

A TV Câmara deve promover um debate na terça-feira à noite entre todos os candidatos. A Mesa também decidiu que a ordem dos nomes dos candidatos nos escaninhos será decidida por sorteio. O critério de desempate é o maior número de legislaturas e a idade mais avançada do parlamentar.

Todo mundo quer presidir a Câmara

Brasília – A Câmara Federal está em plena campanha para presidente da Casa. Ontem os líderes da base aliada se reuniam para discutir um nome de consenso que fosse capaz de vencer. Os mais cotados eram o deputado Aldo Rebelo (PCdoB), ex-ministro da Coordenação Política, e o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP). O líder do PSB, Renato Casagrande (ES), defende o nome de Beto Albuquerque (RS). O PTB lançou o nome de Luiz Antônio Fleury (PTB-SP) e o PP, o de Francisco Dornelles (RJ), embora o corregedor da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI), também queira ser candidato.

O PMDB, que tem um grupo que apóia o governo e outra que faz oposição, tenta emplacar o nome de seu presidente, Michel Temer (SP). Mas o partido se reúne hoje para definir o nome de seu candidato. Enquanto isto, os partidos com menores chances já estão com candidaturas registradas, como é o caso de João Caldas (PL-AL), que não acredita em consenso na base aliada e entrou na briga. "O problema é que todo mundo quer fazer o consenso em torno de seu nome", ironizou Caldas. Outro que registrou a candidatura foi Jair Bolsonaro (PP-RJ), que já tinha disputado a eleição passada. Enquanto isso, Francisco Dornelles (PP-RJ) mandou avisar que não desistiu de sua candidatura.

No meio deste alvoroço, o médico veterinário Antônio Carlos Lira dos Santos, o Carlos Batata (PFL-PE), suplente do ex-deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), tomou posse do cargo e defendeu o conterrâneo e disse que não esperava assumir a vaga por causa da renúncia de Severino, a quem classificou como um homem simples. O deputado disse que Severino está sofrendo e que o empresário Sebastião Augusto Buani também deveria ser punido, já que diz ter pago propina para manter o contrato de seu restaurante na Câmara.

Proprietário rural e integrante da bancada ruralista, Carlos Batata apóia o também pefelista João Thomaz Nonô (AL) para a sucessão de Severino. E não perdeu a oportunidade para atacar o PT, dizendo que não esperava que o partido "teria essa voracidade pelo erário".

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