Número de doadores vivos para transplante cresce 90%

O número de transplantes feitos com órgãos de doadores vivos aumentou 90% nos últimos dez anos no País. Os dados são da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). Em 1997, 960 pessoas doaram parte do fígado ou um rim a pacientes que estavam na lista de espera. Em 2007, foram 1.825 doações. Para especialistas, esse tipo de procedimento é reflexo das falhas do sistema de captação de órgãos, mas ajuda a tirar das listas pacientes com poucas perspectivas. Até junho de 2007, 34.077 pessoas esperavam por um órgão na fila com o maior número de pacientes: a de rim. Na mesma época, 7.036 aguardavam por um fígado.

O nefrologista Valter Garcia, presidente da ABTO, vê bons motivos para a doação inter vivos. ?O melhor doador sempre vai ser o doador vivo, com padrão imunológico idêntico?, diz. Mas ele ressalva que isso deve ocorrer só com pessoas da mesma família. ?Restringimos ao máximo que um filho doe para o pai, por exemplo, pois é uma pessoa com expectativa de vida maior.

Para algumas pessoas, no entanto, receber um fígado de um familiar (mesmo que seja de alguém mais novo) é a única opção. São pacientes com baixo Meld – índice que mede a gravidade do quadro clínico e é utilizado para organizar a fila -, mas que não podem esperar mais pelo transplante.

Foi o que aconteceu com o aposentado Massami Ide, de 72 anos. Após cinco anos esperando para receber um fígado, uma encefalopatia o levou à UTI. As causas da doença de Ide nunca foram identificadas e seu Meld era baixo. A partir de julho de 2006, a rotina da família Ide era marcada pelas internações do aposentado. ?Quando a médica me disse que ele estava em coma e não sabia se ele iria voltar, decidi que faria a doação?, diz a filha, Cintia Tiemi Ide, de 32 anos.

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