Nem PT agüenta ataques da Marta Suplicy

São Paulo

– As declarações da prefeita Marta Suplicy (PT) de que a eleição de José Serra (PSDB) em São Paulo causaria uma crise permanente com o governo federal continuam recebendo críticas da oposição, para quem se trata de “desespero”, e até do próprio PT. Mesmo assim, a prefeita manteve suas posições nesta quinta-feira. “Eu noto que eles acusaram o golpe porque reagiram de forma machista e tentando desqualificar”, disse a petista em visita ao Sindicato de Transporte de Carga. “Machista porque já começaram a me chamar de novo de dona Marta.”

Marta ainda acusou Serra de querer usar sua possível vitória na cidade de São Paulo como “atalho” para as eleições presidenciais de 2006.

Serra também ontem voltou ao tema. “Foi uma declaração infeliz”, disse o tucano. “Isso revela a resistência que ela tem a um dos pilares da democracia que é a alternância do poder”, reiterou. Em relação à acusação de machista, Serra disse que isto é “bobagem e bobagem não tem sexo”.

Para o deputado Walter Feldman (PSDB-SP), coordenador da campanha de Serra, a petista mostra, com suas declarações, “desespero” e “fraqueza”. “Essa manifestação tem dois componentes desinteligentes. O primeiro é que remete ao desespero com o uso de argumentos que demonstram fraqueza”, disse o deputado. “São instrumentos que vão além do jogo democrático e isso é uma característica do PT recente: totalitarista de partido único, ou seja, eles pregam que não há futuro se não for sob o PT.”

No PT, as declarações de Marta causaram desconforto. “Concluir que qualquer adversário é um fator gerador de crise é uma avaliação dela e creio que não é uma opinião que prevalece no PT”, disse o deputado Arlindo Chinaglia (SP), líder do PT na Câmara. Parcela do PT avalia que as declarações da prefeita atrapalham sua própria candidatura e já afirmam que será preciso “consertar” o ocorrido. O marqueteiro da petista, Duda Mendonça, é avesso a ataques e levou Lula pelo caminho do “paz e amor” em 2002.

“Ela quis colocar uma pimenta na reflexão e errou a dose, abriu flanco para dizer que não é democrata”, prevê Chinaglia. Para o senador José Agripino (RN), líder do PFL no Senado, a petista faz discurso de derrotada.

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